
A Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol) disse, em petição ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 635 (ADPF das favelas), “ainda que não intencionalmente, facilitou e acabou estimulando as alianças do crime organizado no território do estado do Rio de Janeiro.” A argumentação ocorreu em petição protocolada nesta segunda-feira (10).
O documento é uma complementação a outra petição, de fevereiro de 2025. Na ocasião, a associação já alertou sobre os efeitos negativos da ADPF das favelas, que impôs restrições às operações policiais em comunidades. Agora, a manifestação foca na Operação Contenção, ocorrida em 28 de outubro no complexo da Penha.
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Associação aponta aumento da criminalidade após ADPF
A organização propõe uma análise sobre o que vem ocorrendo desde 2019 (quando a ADPF começou a tramitar) até os dias atuais: segundo ela, o Rio de Janeiro “passou a abrigar infrações de outros estados da federação, que buscam um refúgio da aplicação da lei penal.” O argumento, portanto, é que a restrição imposta pelo Supremo fez com que os criminosos vissem nas favelas um terreno privilegiado para o combate. “A lógica de defesa territorial imposta por estes grupos criminosos no Brasil, sobretudo no ambiente do Rio de Janeiro (alvo direto da ADPF) tenta estabelecer uma região onde o Estado é o invasor de um território e apenas o grupo criminoso teria ingerência.”
De acordo com o documento, a operação “resultou de planejamento exaustivo, pré-cedido de aproximadamente um ano de investigações conduzidas pelas forças de segurança estaduais.” A parte operacional, ainda de acordo com a petição, exigiu reuniões que ocorreriam ao longo de 60 dias.
A associação ainda detalha expedientes típicos de ações de guerra por parte do Comando Vermelho, grupo classificado por ela como “organização narcoterrorista”: “integrantes trajando roupas camufladas avançam por trilhas clandestinas em meio à vegetação, em táticas típicas de guerrilha urbanacom o objetivo explícito de eliminar o avanço policial e retardar a atuação das equipes. Foram erguidas barricadas e provocados incêndios em veículos e imóveis, além do lançamento de artefatos explosivos contra as forças de segurança”, detalha o documento.
A Operação Contenção reuniu 2.500 policiais, com o objetivo de fortalecer o avanço do Comando Vermelho pelas comunidades do Rio de Janeiro. Ela surgiu após uma notificação anônima relacionada a reuniões entre líderes da facção, traçando estratégias para esse objetivo. Ao todo, 121 pessoas morreram, incluindo quatro policiais. Outras 113 pessoas foram presas, e mais de 100 armas foram apreendidas.











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