O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (22) que acorda todo o dia com a “sensação” de ter a Polícia Federal na porta de sua casa para prendê-lo. O ex-mandatário é alvo de inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Eu acordo todo dia com a sensação da PF na porta. Qual a acusação? Não interessa”, disse Bolsonaro ao canal AuriVerdesem YouTube. Esta é a segunda entrevista dele à AuriVerde nesta semana.
Em novembro do ano passado, a PF indiciou Bolsonaro e outras 39 pessoas por participação na suposta trama golpista para impedir uma posse do presidente Lula (PT). O ex-presidente nega as acusações. O caso foi encaminhado para a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Após a análise, a PGR pode apresentar denúncia contra os indiciados, pedir o arquivamento do inquérito ou solicitar mais diligências. Alguns dos indiciados estão presos, como o general da reserva Walter Braga Netto, que foi ministro na gestão passada e candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022.
Bolsonaro volta a fazer apelo por anistia
“A gente sempre apela aqui: vamos partir para uma pacificação, que a anistia venha do próprio STF”, acrescentou. O projeto de lei que pretende perdoar os envolvidos em 8 de janeiro está parado no Congresso. Bolsonaro comparou a proposta com a anistia firmada para o fim da ditadura militar.
“Eu era jovem ainda e me lembro da anistia de 1979, pessoas que cometeram barbaridades de verdade, crimes de sangue, foram anistiadas a contragosto de uma parte da população, mas o Parlamento deu o seu recado. O governo militar à época bancou essa anistia”, ontem.
“Anistia é perdão, vale para todo mundo. Você pode não esquecer, porque ninguém esqueceu uma maldade, mas você pode perdoar”, emendou. Bolsonaro voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes por impedir sua identidade à posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Nunca pensei em sair em forma definitiva. Poderia ter saído lá atrás e fiquei. Eu quero ficar aqui para lutar com meu país”, afirmou. Na entrevista desta terça (22), o ex-presidente disse que poderia fugir, mesmo com o passaporte retido. “Eu não sou réu. Eu posso fugir agora, qualquer um pode fugir”, disse o ex-mandatário à AuriVerde ontem.
Eleições 2026 e “ministros palacianos”
Bolsonaro disse que é o único que pode representar a direita nas eleições de 2026 e criticou uma possível candidatura de “terceira via” ou de “direita limpinha”. Contudo, o ex-presidente foi declarado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Não fica inventando terceira via, direita limpinha, não sei o quê, fazer um gestinho pra lá pra cá, com a sua inexperiência, com a sua até boa vontade, mas você não tem como enfrentar hoje em dia um sistema pelo povo”, frisou.
O ex-presidente disse só deverá apoiar outro candidato em 2026 “aos 48 do segundo tempo, quando eu realmente não tiver mais chance”. Ele prometeu que, se eleito em 2026, apresentará ministros melhores do que os anteriores. “Eu errei na escolha dos ministros palacianos, tem que ter um peso pesado ali, técnico, no padrão Tarcísio [de Freitas] e Tereza Cristina”, afirmou.
Já em outra entrevista, também nesta terça (22), Bolsonaro disse que não teria escolhido “um general” para ser um dos ministros palacianos, ou seja, para ocupar a Casa Civil, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ou a Secretaria- Geral do Governo.
“Você me pergunta o que eu faria diferente. Os ministros palacianos seriam diferentes. Eu não teria mais alguns nomes, um geral ali. Eu não teria mais geral ali. Teria ministro mais parrudo, mais casca grossa, para enfrentar o sistema”, disse ao canal Fio Diário.
Durante o governo Bolsonaro, os generais que atuaram mais próximos do ex-presidente foram:
- Augusto Heleno: comandou o GSI de 2019 a 2022;
- Braga Netto: foi ministro da Casa Civil e da Defesa;
- Carlos Alberto dos Santos Cruz: comandou a Secretaria de Governo de janeiro a junho de 2019;
- Luiz Eduardo Ramos: comandou a Secretaria de Governo de 2019 a 2021; a Casa Civil em 2021 e a Secretaria-Geral da Presidência de 2021 o fim de 2022.
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