Daniel Alves está preso provisoriamente desde sexta-feira (20), depois de comparecer ao Tribunal de Justiça de Barcelona para prestar depoimento sobre as denúncias de estupros cometidos contra ele. Ele já foi transferido de presídio por uma questão de segurança durante o processo, e a defesa ainda não apresentou recurso à prisão.
A prisão antes do julgamento é atípica para os padrões brasileiros. Segundo a Professora de Direito Penal na Universidade Castilla La Mancha, Rosario Martínez, essa decisão -junto da extensa quantidade de manifestações apresentadas pela acusação e de um depoimento consistente por parte da suposta vítima- também foi possibilitada por equívocos da defesa de Daniel Alves.
Procurado pela reportagem, o estafe do jogador disse que não se manifestará sobre o processo, já que este corre em segredo de Justiça na Espanha.
QUAIS FORAM OS EQUÍVOCOS DA DEFESA DE DANIEL?
Antes de prestar depoimento, Daniel Alves registrou um vídeo e divulgou ao portal de notícias espanhol Antena 3 em que afirmava nunca ter visto a mulher que o acusa, antecipando uma estratégia de defesa de negar tudo.
Quando estava para Barcelona, decidiu voluntariamente se apresentar à Justiça para prestar depoimento – coisa que ele poderia ter feito à distância, no México.
A defesa de Daniel sabia que ele seria preso e não evitou uma viagem a Barcelona.
Ao saber da possibilidade de prisão, a advogada Miraida Puente tentou ser recebida pela juíza do caso, que não aceitou o contato. Ainda assim, Miraida não recomendou que o jogador tenha ficado calado em juízo.
VERSÕES CONTRADITÓRIAS
Daniel Alves mudou de versão em frente à juíza do caso e se contradisse diversas vezes. Ao ter sido confrontado sobre provas satisfatórias pela vítima, ele afirmou que a conhecia, mas que a relação sexual entre os dois teria sido consensual. As contradições foram fatores importantes para que a juíza decretasse a prisão preventiva.
Rosario afirma, em entrevista ao UOL, que a inexperiência da advogada que acompanha o jogador no caso pode ter sido prejudicial. Miraida Puente é especialista na área cível e familiar, e auxiliava Daniel e a ex-esposa, Dinorah Santana, em questões relacionadas a retirada de visto e imposto de renda. A escolha de Miraida como advogada também foi alvo de críticas.
Ainda de acordo com Rosario, a ida a Barcelona também foi um equívoco da defesa, se o objetivo dela fosse evitar a prisão do jogador. Se ele tivesse ficado no México, a professora afirma, não estaria presa e seria mais difícil julgá-lo.
BRIGA NA FAMÍLIA DE ADVOGADO
O irmão de Daniel, Ney Alves, concedeu uma entrevista ao Domingo Espetacular, da Record, no domingo (22), em que expôs brigas familiares. Ney relatou um desentendimento entre a família e Dinorah sobre quem comandaria a defesa de Daniel a partir de então.
Segundo o irmão do jogador, a família teria contratado um advogado criminalista de Madri, mas Dinorah, que cuida da carreira do atleta, não teria permitido a troca do profissional.
Nesta terça-feira (24), no entanto, foi oficializado que o advogado criminal Cristóbal Martell Pérez-Alcalde entraria no caso, junto de Miraida.
O advogado catalão optou por fazer uma defesa conjunta com Miraida e não separá-la do caso, como o próprio Alves pediu de dentro do presídio Brians 2, para onde foi transferido na segunda-feira (23).
Martell e sua equipe têm até quinta-feira (26), às três da tarde, para entrar com recurso no Tribunal de Barcelona.
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