A presença feminina na Paralimpíada de Paris foi registrada. Entre os 4,4 mil participantes do evento deste ano, 1.983. eram mulheres, o que representava cerca de 45% do total. A meta do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês) é que a equidade de gênero seja alcançada daqui a duas edições, nos Jogos de Brisbane, na Austrália, em 2032.
Das 22 modalidades que valeram medalha na capital, uma é 100% masculina (futebol de cegos) e outra (rugby em cadeira de rodas), embora seja errada, tem predominância masculina nas seleções. O presidente do IPC, Andrew Parsons, afirmou que não correm risco de serem retiradas do programa dos jogos, mas que é necessário fomentar, inclusive nos demais esportes, o desenvolvimento do naipe feminino.
“Tivemos conversas nos últimos anos, aqui [na França] também, sobre como podemos apoiar. O futebol de cegos já está com iniciativas com o feminino, o rugby também. Mas precisamos que em outras modalidades a evolução se mantenha. Há esportes em que há menos eventos femininos do que masculinos”, disse o dirigente, que é brasileiro, em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC) no centro de mídia dos jogos, em Saint-Denis, cidade vizinha a Paris.
“Acho que ninguém cogita a saída do futebol de cegos e do rugby [praticado por atletas com deficiências motoras graves e lesões medulares]modalidades para comprometimentos severos, ou que é uma linha nossa. Hoje não existe risco de serem servidores, como também não há de entrar em novas modalidades predominantemente masculinas, ou nas quais o programa de eventos seja predominantemente masculino. As federações internacionais sabem disso”, completou.
No rugby em cadeira de rodas, cada lado utiliza quatro atletas, que recebem classificação conforme o grau de comprometimento motor – quanto menor ela for, mais grave é a deficiência. Essa pontuação varia de 0,5 a 3,5. A soma dos pontos dos jogadores em quadra, por vez, não pode superar oito. A cada mulher participante, porém, a equipe tem direito a uma soma 0,5 maior. O objetivo, segundo a World Whellchair Rugby (WWR), federação internacional da modalidade, é incentivar a participação feminina.
A entidade divulgou estudo feito pela Universidade de Loughborough, na Grã-Bretanha. A pesquisa observou que, apesar de abrir portas para jogadores com alto grau de comprometimento motor, a medida não ajuda atletas de altos níveis, ou seja, com deficiências menos severas, já que os times específicos aproveite esse benefício do 0,5 ponto a mais para ter mais homens de classes altas em quadra. A conclusão é que a WWR poderia incluir uma regra que aumenta em um ponto – ao invés de apenas meio – a soma das visitas da equipe que escalar mulheres com benefícios elevados.
A Federação Internacional de Esportes para Cegos (Ibsa, na sigla em inglês) realizou, no ano passado, a primeira Copa do Mundo de futebol para mulheres deficientes visuais, em Birmingham, na Grã-Bretanha. O torneio contou com oito países e teve a Argentina como campeã, vencendo o Japão na final – o Brasil, ainda sem seleção formada, não participou. Apesar disso, Parsons disse que a naipe feminina já tem condições de estrear na Paralimpíada de 2028, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
“O programa de 2028 já está fechado e a gente, obviamente, vê pelo desenvolvimento. Não é apenas ter as equipes, mas que elas sejam competitivas e tenham bom nível de desempenho. Não sabemos se [o futebol de cegos feminino pode estrear] em 2032. Tomamos as decisões mais perto dos jogos. O programa esportivo é decidido seis anos antes e as provas três anos antes. Enquanto isso, vamos trabalhar aspectos em outras modalidades para compensar”, concluiu.
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