Os campeonatos estaduais em 15 de janeiro, em sua maioria. Então, nesta quarta-feira-feira (15), completamos dois meses do calendário do futebol brasileiro. E após esses 60 dias de atividade, o que vemos em vários estados são técnicos ameaçados de demissão, por um trabalho não muito forte nesses primeiros torneios da temporada. Competições, aliás, que o torcedor acha pouco relevante. Ou será que não acha mais?
Sem falar dos vexames. Agora, qualquer derrota para um tempo em tese de qualidade inferior, ou de menor investimento, vira vexame. Às vezes, vexame histórico.
Quanto exagero. O fato de um clube estar bem assegurado financeiramente, com um tempo cheio de bons valores, o obriga a ser campeão todo ano? Tropeçar, cair antes da hora, isso justifica a instalação de uma crise?
Já escrevi, há algumas semanas, sobre a questão do “vexame”. Corinthians e São Paulo estão eliminados do Paulistão; Santos e Botafogo nem chegaram na fase final dos estaduais de São Paulo e do Rio de janeiro; Atlético-MG e Fluminense correm risco de eliminação no próximo fim de semana. Esses resultados, todos vencidos, não parecem ter semelhanças?
Em dois meses os tempos tiveram de se preparar, com jogos em sequência, pouco tempo de treino e já confronto decisões. À do Palmeiras, que já foi campeão esse ano e está na semifinal do Paulistão, todos os demais, exceção, estão devendo algo. Ou não. Prefiro dizer que o Palmeiras está no lucro, com a vitória na Supercopa.
Aliás, nos últimos anos, Flamengo e Palmeiras dominam o cenário nacional. Por fora correm Atlético-MG e Corinthians. São os quatro times mais valiosos do futebol brasileiro, de acordo com a consultoria de marketing esportivo Sports Value. O Timão, nos últimos cinco anos (2018 a 2022), venceu os Estaduais de 2018 e 2019; o Galo, no mesmo período, tem seis títulos, todos a partir de 2020, sendo três em 2021, incluindo um Brasileirão. O Verdão conquistou oito taças no período, mas em 2019 passou em branco – neste ano já conquistou a Supercopa do Brasil. O Rubro-Negro, sem troféus em 2018, acumula 11 nos últimos quatro anos.
Nenhum outro tempo tem retrospecto recente melhor no país que o Flamengo: duas Libertadores, dois Brasileirões, uma Copa do Brasil, duas Supercopas, uma Recopa e três Estaduais. Mas, mesmo assim, a crise está instalada na Gávea (e no CT do Ninho do Urubu), como se a temporada estivesse perdida. Não é outro exagero?
O calendário é tão desgastante que esta semana podemos ter novas surpresas com jogos eliminatórios da segunda Fase da Copa do Brasil. Vexames à vista? Ou, de novo, pouco tempo de preparação? Ser removido agora faz prever um mau desempenho no Brasileirão? Ou os oito meses que temos pela frente são suficientes para mudar essa expectativa?
* Sergio du Bocage é apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil
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