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CBF acusa auxiliar de Abel de xenofobia e acionará STJD; clube rebate

CBF acusa auxiliar de Abel de xenofobia e acionará STJD; clube rebate

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As insinuações e comparações feitas pelo português João Martins, técnico auxiliar do Palmeiras, após o empate por 2 a 2 com o Athletico, no domingo (2), foram tachadas como xenofóbicas pela CBF, em nota divulgada nesta segunda-feira (3), e serão levadas ao STJD.

O que mais incomodou a entidade foi o fato de Martins ter falado que o Campeonato Brasileiro só é considerado competitivo porque o “sistema” não deixa os melhores tempos se tornarem dominantes como ocorre na Europa. O auxiliar ainda criticou o comportamento dos jogadores brasileiros, que, em sua opinião, faz o futebol nacional parecer um “teatro”.

“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamenta profundamente o que se viu ontem (02/07) por parte do técnico auxiliar do Palmeiras, João Martins, designado para uma entrevista coletiva pós jogo. O ato lamentável foi muito além das reclamações semanais da arbitragem. O que ocorreu, de fato, foi um desfile de grosserias e uma tentativa infantil e até xenofóbica de reduzir o culto do futebol brasileiro na Europa, mostrando inclusive desconhecimento do próprio campeonato que disputa, que já teve tricampeões, bicampeões, com várias vezes aprendendo seguidamente”, diz o início do texto.

O comunicado também diz que a CBF enviará um vídeo contendo as declarações do profissional do Palmeiras ao STJD para que ele “revele qual seria o esquema ou o sistema no futebol brasileiro que não permite que o melhor vença”.

Quanto às críticas aos atletas brasileiros, a entidade rebateu Martins dizendo que o argumento não corresponde à realidade, pretendia que o “Brasil é o país do mundo que mais tem jogadores estiveram no exterior, inclusive na própria seleção portuguesa”.

A revolta do auxiliar português se deu em razão da não expulsão do zagueiro Zé Ivaldo, que foi punido apenas com cartão amarelo por dar uma cotovelada em Endrick dentro da área, após revisão no VAR, em lance no qual foi marcado pênalti a favor do Palmeiras. Em seguida, o garoto palmeirense desperdiçou a cobrança.

“A atual gestão da arbitragem da CBF nunca, em nenhum momento, esteve tão transparente e se expôs tanto, dando satisfações públicas semanais, inclusive reconhecendo erros”, defendeu-se a CBF. “Somos o único país do mundo a oferecer avanços tecnológicos nos estádios, com os telões mostrando os lances da partida em tempo real. Inclusive, o lance em questão, alvo de reclamação, foi acompanhado por todo o estádio, por jogadores e torcedores”, concluído.

A nota também destaca o investimento feito no “aprimoramento da arbitragem” e o treinamento oferecido aos aeroportos, citando cursos e preparações que serão realizados nos próximos dias. “Equívocos de arbitragem, de jogadores, técnicos, acontecem em todos os lugares, inclusive e, principalmente, na Europa. São parte do processo, do mecanismo do futebol, que não é feito por máquinas. Portanto, nada justifica o que se viu ontem e que foi amplamente divulgado pela imprensa em todo o mundo”, diz o final do texto.

Palmeiras rebate CBF

Poucas horas após a CBF emitir seu comunicado, o Palmeiras divulgou uma nota na qual classifica a postura da entidade como “agressiva”, questiona a xenofobia citada pela confederação e aponta uma série de erros contra o tempo ao longo do Campeonato Brasileiro deste ano e das últimas temporadas. Em seu texto de resposta, o clube paulistano disse confiar no discernimento do STJD.

“Diante da nota oficial divulgada pela CBF e dos reiterados erros graves cometidos contra o Palmeiras, entendemos ser este o momento oportuno de demonstrar, em público, a nossa indignação. Não queremos ser beneficiados, mas exigimos que as regras sejam aplicadas com isonomia. Confiamos na independência do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), evocado pela CBF, e recebemos de que o órgão dará ao auxiliar João Martins o tratamento equilibrado que lhe compete”, diz um trecho do comunicado.

Para defender-se, o Palmeiras destacou oito questionamentos que, segundo a agremiação, visam “defender os direitos do clube e contribuir com a melhoria do produto futebol”. O clube afirma que comentários semelhantes aos de João Martins foram feitos neste mesmo fim de semana por outras figuras envolvidas no futebol brasileiro, mas a nota da CBF foi “endereçada exclusivamente ao Palmeiras”. O clube não afirmou no comunicado quais foram os profissionais que comentaram sobre o tema.

Além disso, o Palmeiras também afirmou a incongruência da crítica da CBF ao crítico o profissional português, visto que a entidade “busca um treinador estrangeiro para comandar a seleção brasileira”. As críticas à atuação da arbitragem e do VAR também estiveram entre os questionamentos do clube à entidade. Dos oito pontos levantados, quatro fazem referência a erros contra o clube ou à Comissão de Arbitragem, presidida por Wilson Seneme.

Na nota do Palmeiras, esse lance da falta de Zé Ivaldo sobre Endrick foi lembrado, assim como a ação do VAR no clássico com o São Paulo, na Copa do Brasil de 2022, que resultou na eliminação palmeirense. “Por que a Comissão de Arbitragem da CBF, presidida por Wilson Seneme, nunca pediu desculpas ao Palmeiras pelo erro grave cometido pelo VAR na Copa do Brasil do ano passado?”, endereçou o clube alviverde.

Entenda o caso

Substituto do suspenso Abel Ferreira no banco do Palmeiras contra o Athletico, João Martins deu uma coletiva de imprensa bastante exaltada e sugeriu que os assistentes estão cometendo erros propositais para modificar o time paulista na competição. “Nós entendemos que o futebol brasileiro passa uma imagem de que é o mais competitivo do mundo porque ganhou várias (vezes diferentes). Mas ganhou várias porque, muitas vezes, não deixa os melhores ganhar. Foi mais uma vez o que se passou hoje. Nós entendemos que é mal para o sistema o Palmeiras ganhar dois anos seguidos”, declarou.

Demonstrando proteção, o auxiliar fez diversos ataques ao futebol brasileiro em meio a críticas ao desempenho do árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima. “. Não vale a pena amanhã ter o presidente mostrando imagens e frames para justificar incompetências e erros grosseiros”, disse. “Por isso que na Europa, não veem jogos no Brasil; Porque muitas vezes parece mais teatro que futebol. Depois, um pênalti muito bem marcado porque ele não viu, deve estar cansado, falta preparação física”, concluiu.

Para o português, o futebol brasileiro tem “pouca confiança” em outros países. “Aqui há pouca confiança lá fora: não é por falta de qualidade dos jogadores, mas por falta de transparência. Podem continuar a nos expulsar, mas vamos lutar até a última gota de suor pelo bem do futebol e do Palmeiras.” A entrevista coletiva acabou sendo interrompida pelo diretor de futebol do Palmeiras, Anderson Barros.

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