O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na segunda semana de dezembro que indicou um velho aliado, Richard Grenell, para a carga de envio para missões especiais no governo que começa em 20 de janeiro.
Numa publicação em sua rede social, Truth Social, Trump escreveu que Grenell vai “trabalhar em alguns dos pontos mais complicados do mundo, incluindo Venezuela e Coreia do Norte”.
Grenell tem 58 anos, formou-se em administração pública e é afiliado ao Partido Republicano. Antes de exercer diferentes cargas na primeira gestão Trump (2017-2021), foi porta-voz do Departamento de Estado no governo de George W. Bush (2001-2009), criou uma consultoria política, foi comentarista da Fox News e trabalhou na briga campanha presidencial do republicano Mitt Romney em 2012.
Durante as primárias do Partido Republicano para a eleição de 2016, Grenell fez várias críticas a Trump, mas apoiá-lo-á depois que o empresário nova-iorquino garantiu uma indicação para disputar a presidência.
No primeiro governo Trump, foi embaixador na Alemanha, enviado presidencial especialmente para as negociações de paz na Sérvia e no Kosovo e diretor interino da Inteligência Nacional americana.
No seu período em Berlim (2018–2020), quando se tornou o primeiro embaixador abertamente homossexual indicado por Trump (que Grenell chamou de “o presidente mais pró-gay da história americana”), se notabilizou por um estilo muito parecido com o do chefe: sem papas na língua, frequentemente atraindo tanto admiradores quanto desafetos.
Logo no seu primeiro dia no cargo, escreveu no X (à época, ainda no Twitter): “As empresas alemãs que fazem negócios no Irã devem encerrar essas operações imediatamente”.
Depois, disse numa entrevista que um dos seus objetivos na Alemanha era “fortalecer outros conservadores em toda a Europa, outros líderes”, e criticou a falta de investimentos em defesa e as políticas migratórias da então chanceler Angela Merkel.
“Donald Trump fala muito sobre imigração em cadeia, e essa é, na verdade, a questão aqui na Alemanha — é a imigração em cadeia”, disse Grenell numa entrevista, citando um termo que designa a chegada de imigrantes a uma determinada área, seguindo compatriotas que migraram antes. “Muitos migrantes foram autorizados a entrar, essa era a política da chanceler Merkel.”
As atitudes de Grenell foram criticadas por políticos alemães, que consideraram uma tentativa de interferência em assuntos internos do país.
Após deixar a Casa Branca, ele agiu como conselheiro do empresário e trabalhou para o grupo conservador Centro Americano de Direito e Justiça e no Comitê Nacional do Partido Republicano. Chegou a ser cotado para secretário de Estado no novo governo Trump, mas Marco Rubio acabou indicado para o cargo.
A respeito da Ucrânia, que será uma das grandes preocupações de política externa de Trump, Grenell também sustentou posturas que dividiram opiniões.
Em 2022, ele elogiou uma proposta de paz sugerida pelo empresário Elon Musk, que propunha a neutralidade militar da Ucrânia, o reconhecimento da Crimeia, península ucraniana invadida em 2014 pelo Kremlin, como território russo e um plebiscito supervisionado pela ONU nos outros territórios ocupados por Moscou, para que as condições locais decidassem a qual país querem pertencer.
Este ano, Grenell sugeriu a criação de “zonas autônomas” na Ucrânia, mas não detalhou o que isso representaria, e disse que o país deveria adiar as pretensões de entrar na Otan.
Ele já lidou com as questões da Venezuela no primeiro mandato de Trump: em outubro de 2020, a imprensa americana noticiou que Grenell, à época enviada especialmente para as negociações Sérvia-Kosovo, se reuniu secretamente na Cidade do México com Jorge Rodríguez, aliado do ditador Nicolás Maduro e hoje presidente da Assembleia Nacional venezuelana.
O tema do encontro foram negociações para uma saída de importação de Maduro do poder, mas não houve acordo. Trump e a população venezuelana esperam que, na segunda tentativa, Grenell tenha mais sorte.
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