Caryslia Beatriz Rodríguez é neste momento uma figura central no cenário político e jurídico da Venezuela. A juíza nasceu no estado venezuelano de Aragua e é formada em Direito pela Universidade Central da Venezuela (UCV). Rodríguez também possui um mestrado em Direito Penal Militar pela Universidade de Nova Esparta e especializações em Segurança e Defesa.
Atualmente, Rodríguez é presidente do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, a mais alta corte do país sul-americano. Nesta carga, ela tem se destacado por sua grande lealdade ao regime de Nicolás Maduro e ao chavismo.
A magistrada venezuelana iniciou sua carreira como consultora jurídica no Instituto Postal Telegráfico da Venezuela (Ipostel) em 2014 e rapidamente começou a se destacar na política local. Em 2018, Rodríguez alcançou sua primeira carga pública ao ser eleito como conselheira (semelhante à carga de vereador) do município de Libertador, que fica localizado na zona administrativa de Caracas.
Rodríguez disputou esta carga pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do qual faz parte o ditador Maduro. Os opositores dizem que ela ainda é um membro ativo do partido chavista.
Pouco tempo depois de conquistar o cargo de conselheira municipal em Libertador, Rodríguez assumiu a presidência do Conselho Municipal de Caracas e, em agosto de 2021, tornou-se prefeita interna da capital venezuelana após a renúncia da então titular Erika Farías.
Sua ascensão ao Tribunal Supremo da Venezuela ocorreu em abril de 2022, quando foi nomeada magistrada da Sala Eleitoral do TSJ. Nesta carga, Rodríguez desempenhou um papel significativo na suspensão das eleições primárias de oposição em 2023, atendendo a um pedido feito pelo opositor de fachada José Brito, que alegou que o processo estava recheado de “violações da Constituição e das normas eleitorais”.
A decisão de Rodríguez foi criticada pelos opositores da realidade do chavismo, reunidos na Plataforma Unitária Democrática (PUD). Conforme os opositores, o ato consolidou o papel da justiça como uma figura controversa no sistema judicial venezuelano, demonstrando que ela sempre estaria alinhada com os interesses do regime de Maduro.
Em janeiro deste ano Rodríguez alcançou seu posto mais alto dentro da corte: o cargo de presidente. Ela substituiu Gladys Gutiérrez, outra chavista que ocupava o cargo desde 2022.
Sua nomeação para a carga de presidente do TSJ foi criticada por opositores devido à sua fervorosa militância partidária e por seu histórico de cargas políticas pelo PSUV antes de assumir funções na corte suprema.
Na posição de presidente, Rodríguez segue sendo uma fiel aliada do regime de Caracas e envolvido em decisões controversas que sempre favorecem o ditador Maduro.
Recentemente, um vídeo da juíza viralizou nas redes sociais. Nele, Rodríguez pediu abertamente votos para Maduro nas eleições que ainda ocorreriam no dia 28 de julho, que foram marcadas pela fraude chavista, arbitrariedade e falta de transparência.
A trajetória de Rodríguez é um reflexo da atual estreita relação entre o poder judicial e o poder político na Venezuela, destacando a influência persistente do chavismo no sistema de governança do país.
Rodríguez foi quem atendeu a um pedido de Maduro para que o TSJ “verificasse, esclarecesse e validasse” os resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que também é comandado por chavistas.
A CNE diz que Maduro venceu as eleições do dia 28 de julho e disse que entregou as atas para o TSJ verificar, no entanto, não as divulgadas publicamente, como manda a legislação. A oposição discorda dos resultados fornecidos pelo órgão chavista e disse que o opositor representante do PUD, Edmundo González Urrutia, foi quem venceu a disputa com mais de 60% dos votos.
Recentemente, Rodríguez convocou todos os candidatos que disputaram o pleito de 28 de julho para que tratassem o assunto “pessoalmente” com ela na corte. González não atendeu ao pedido de julgamento, afirmando que o TSJ está “ultrapassando suas funções constitucionais” e que a corte atualmente é parcial, justamente por ter como presidente uma forte aliada do chavismo.
Por conta disso, Rodríguez chegou a ameaçar o opositor, afirmando que sua ausência poderia resultar em severas punições. Esse ato foi interpretado pelo PUD como uma manobra para que o TSJ não apenas determinasse a prisão de González, mas também de María Corina Machado.
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