O novo primeiro-ministro da França, François Bayrou, já está sendo criticado por ter acumulado a carga com o posto de prefeito da cidade de Pau, no sudoeste do país, e por não ter visitado um território francês devastado por um ciclone.
Segundo informações da agência France-Presse (AFP), Bayrou esteve na noite de segunda-feira (16) à noite em Pau para participar de uma reunião do conselho municipal, na qual confirmou que permaneceria no cargo de prefeito, que ocupa desde 2014.
Ele passou a ser muito criticado porque deixou de visitar o departamento ultramarino francês de Mayotte, localizado no oceano Índico e onde o ciclone tropical Chido causou grandes estragos e matou pelo menos 22 pessoas neste mês.
“Eu teria preferido que o primeiro-ministro, em vez de pegar um avião para Pau, pegar um avião para Mamoudzou [capital de Mayotte]”, disse Yael Braun-Pivet, presidente da Assembleia Nacional e membro do partido de Macron, em entrevista à rádio Franceinfo.
A líder do partido de esquerda França Insubmissa na Assembleia Nacional, Mathilde Panot, disse que depois de “20 anos de política de abandono” de Mayotte, Bayrou “não entendeu o simbolismo” de deixar de ter visitado o território para viajar para Pau.
De acordo com a AFP, Bayrou defendeu sua decisão de continuar prefeito da cidade de 77 mil habitantes e de não viajar para Mayotte.
“Não temos o direito de separar a província e o círculo de poder em Paris. Pau fica na França”, argumentou, quando questionado sobre o tema no Parlamento. “Eu presidi o conselho municipal da minha cidade, e considero que, ao fazê-lo, também cumpriu a minha responsabilidade como cidadão.”
O primeiro-ministro também alegou que “não é algo comum” o presidente e o primeiro-ministro da França deixarem o país ao mesmo tempo – Macron irá a Mayotte nesta quinta-feira (19).
Entretanto, os críticos lembraram que o território ultramarino também faz parte da França – portanto, Bayrou e Macron não estariam deixando o país ao visitá-lo.
Bayrou é o quarto primeiro-ministro da França apenas este ano. Com a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e o partido de direita nacionalista Reagrupamento Nacional (RN) somando mais da metade dos assentos na Assembleia Nacional após a eleição legislativa antecipada realizada em junho e julho, eles podem derrubar qualquer prêmio indicado por Macron caso se unam na votação de um movimento de desconfiança – exatamente o que aconteceu com Barnier.
Macron não poderá convocar uma nova eleição antecipada para a Assembleia Nacional antes do meio do ano que vem para resolver o impasse.
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