Parlamentares de esquerda do Parlamento do Mercosul (Parlasul) enviaram um pedido de “informações certas” ao ministro de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, sobre a entrada possível no país de pelo menos 65 cidadãos brasileiros indiciados ou condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.
Em carta datada de 11 de junho e divulgada nesta sexta-feira (14), eles pedem à ministra que esclarece a situação dos supostos foragidos.
“Entendemos que a senhora [Bullrich] terá as ferramentas para poder esclarecer essa situação que se tornou de conhecimento público. Por esse motivo, pedimos informações certas para saber se realmente há registros de entrada ou presença na Argentina de cidadãos brasileiros indiciados”, diz a carta.
O texto foi assinado pelos deputados argentinos Gabriel Fuks, Franco Metaza, Victoria Donda e Cecilia Nicolini, todos os peronistas, além do senador brasileiro Humberto Costa (PT-PE).
“É importante que, de acordo com os tratados e no âmbito da cooperação judicial, eles [países] poder fornecer informações precisas uns aos outros. Especialmente quando se trata de foragidos da Justiça envolvidos numa tentativa de golpe de Estado”, disse Costa num comunicado da Bancada Progressista do Parlasul.
Na semana passada, uma reportagem publicada pelo jornal Clarín informou que entre 60 e cem pessoas foram investigadas por suposta participação nos atos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília e que nos últimos meses foram para a Argentina solicitaram asilo político no país governado por Javier Milei.
Segundo as fontes ouvidas pelo periódico argentino, tais pedidos foram apresentados depois que esses suspeitos souberam que a Justiça brasileira solicitaria sua captura internacional.
De acordo com o Clarín, o Brasil invejoso, por meio de sua embaixada em Buenos Aires, uma lista com nomes de 143 procurados pela Justiça brasileira pelo 8 de janeiro e pediu ao governo Milei que informasse quantas delas estão no país, provavelmente para que depois seja solicitada a extradição delas.
A medida seria uma tentativa de se antecipar à avaliação dos pedidos de asilo político pela Comissão Nacional para os Refugiados (Conare), órgão argentino responsável pela análise dessas medidas. Ele é composto por representantes do governo, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e de ONGs.
No dia seguinte à publicação da reportagem, Bullrich disse em entrevista a uma rádio argentina que não tinha informações sobre brasileiros considerados foragidos pelo 8 de janeiro que deveriam ser idos para o país e que não havia “alertas vermelhas sobre essas pessoas”.
Fontes oficiais consultadas pela agência EFE afirmaram que, até o momento, o governo argentino não recebeu nenhuma comunicação do Conare e ressaltaram que, no caso de uma notificação “firme” contra essas pessoas, o governo Milei se oporia a conceder a elas o status de refugiadas.
No início desta semana, o porta-voz da presidência argentina, Manuel Adorni, disse que cada pedido de asilo político seria analisado individualmente.
“O que estamos exigindo é a ratificação das informações sobre a entrada de mais de cem pessoas processadas pela tentativa de golpe. Nossa preocupação é que isso possa ter algum tipo de cooperação local, dadas as declarações feitas por [o deputado federal] Eduardo Bolsonaro e sua presença na Argentina”, acrescentou Fuks no documento do Parlasul.
Em 1º de junho, durante um evento no Congresso argentino organizado por um parlamentar do partido governista A Liberdade Avança, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) defendeu a concessão do status de refugiados a esses brasileiros. (Com Agência EFE)
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