O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, propôs ampliar o mandato presidencial de cinco para seis anos, estabelecer uma carga de “copresidente” e que o Executivo coordene os demais poderes do Estado, segundo uma reforma parcial da Constituição divulgada nesta quarta-feira (20). ) pelo Parlamento do país.
A proposta de reforma constitucional, enviada ontem ao Parlamento, no qual os governistas têm maioria absoluta, também quer a inclusão da bandeira da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), o partido no poder desde 2007, como símbolo nacional.
A iniciativa, que propõe a reforma de centenas de artigos da Carta Magna, aponta que a Presidência da República dirige o governo e, como Chefe de Estado, deve coordenar os órgãos legislativos, judiciais, eleitorais, de controle, regionais e municipais.
A proposta também estipula que a Presidência da República seja “composta por um copresidente e um copresidente eleito por sufrágio universal, igual, direto, livre e secreto, sendo eleitos aqueles que obtiveram a maioria relativa de votos”.
Para ser copresidente ou copresidente da República, é preciso ter residido continuamente no país durante os seis anos anteriores à eleição, a menos que durante esse período, por mandato oficial do Estado, tenha cumprido uma missão diplomática, trabalha em organizações internacionais ou realizou estudos no exterior, entre outras atividades.
Segundo a proposta, “não podem concorrer à Presidência da República aqueles que lideraram ou financiaram um golpe de Estado, aqueles que alteraram a ordem constitucional, aqueles que adquiriram outra nacionalidade e os altos funcionários do Estado, a menos que tenham renunciado ao cargo 12 meses antes da eleição”.
A emenda a ser evidenciada também é que o copresidente e o copresidente têm um mandato de seis anos, a ser contado a partir do momento em que assumem a carga, e que, durante esse período, gozem de imunidade. Eles também poderiam nomear vice-presidentes para determinadas áreas de governo.
Desde 1997, o mandato presidencial já dura cinco anos. Ortega, de 79 anos, concluiu seu quinto mandato – e quarto consecutivo – em 10 de janeiro de 2027, conquistado em 2021 numa eleição sem opositores de verdade e observação internacional independente e com declarações de fraude. A Constituição, desde 2014, permite a reeleição presidencial por tempo indeterminado.
A iniciativa de reforma estabelece que, no caso de ausência definitiva de um dos copresidentes, o outro concluirá o mandato para o qual foi eleito.
No caso de ausência definitiva dos dois copresidentes, o Conselho Supremo Eleitoral deverá convocar imediatamente eleições, que serão realizadas num prazo máximo de 60 dias, período durante o qual o titular do Parlamento assumirá as funções em caráter interino.
Em 9 de fevereiro de 2023, Ortega anunciou a intenção de reformar a Constituição para nomear sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, como “copresidente da República”.
“Aqui está a camarada Rosario Murillo, copresidente da República. É isso mesmo: ela é copresidente da República! Teremos que fazer algumas reformas na Constituição”, disse o ditador sandinista na ocasião, na presença de Murillo, depois de se referir à libertação e expulsão para os Estados Unidos de 222 presos políticos nicaraguenses, incluindo padres católicos.
O Parlamento Nicaraguense é controlado pelos sandinistas, que têm o poder de aprovar leis ordinárias ou de reformar parcial ou totalmente a Constituição.
Ortega solicitou 12 reformas constitucionais desde 2007, incluindo a que lhe permite ser reeleito indefinidamente.
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