
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu Nesta quarta-feira (29) que o Brasil realizou uma reforma “abrangente e eficaz” nos métodos de policiamento, após uma megaoperação policial que deixou mais de 120 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. As mortes ocorreram durante o enfrentamento das forças de segurança e dos crimes. Ao todo, quatro policiais foram mortos nos confrontos.
A operação, realizada nesta terça (28), foi complicada pelo governo do Rio de Janeiro como a mais letal da história do estado. Türk disse que a ONU “compreende os desafios de lidar com grupos violentos e bem organizados, como o Comando Vermelho”, mas alertou que “uma longa lista de operações resultantes em muitas mortes – que afetam de forma desproporcional pessoas de ascendência africana – levanta questões sobre a forma como essas operações são superadas”.
O comissário afirmou ainda que “por décadas, a alta letalidade associada ao policiamento no Brasil se tornou normalizada, especialmente em áreas como o Rio de Janeiro, onde aumentou significativamente”. Para ele, o país precisa “romper o ciclo de brutalidade extrema e garantir que as operações de segurança cumpram os padrões internacionais sobre o uso da força”.
Türk defendeu a criação de “mecanismos independentes” para “investigar os fatos da operação” e “apoiar famílias e comunidades afetadas”, “garantindo acesso à justiça e acessórios”. Ele também pediu que o poder público adote “uma estratégia nacional de policiamento baseada em direitos humanos”, respeitando “os princípios de legalidade, necessidade, proporcionalidade e não discriminação”.
“A força letal só pode ser usada quando a necessidade de proteger a vida ou evitar danos graves diante de uma ameaça iminente”, disse.
Um dia antes, o Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos já havia declarado estar “horrorizado” com a operação, em publicação feita na rede X.
Operação teve planejamento de um ano, diz governo do Rio
O governo do Rio de Janeiro informou que a operação realizada nesta terça-feira para combater o crime organizado no estado envolveu cerca de 2,5 mil agentes das forças de segurança estaduais e de outros estados, como o Pará. Segundo o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, o objetivo foi cumprir 100 mandatos de prisão e 180 de busca e apreensão contra integrantes do Comando Vermelho (CV).
“Essa alta letalidade que se obteve era previsível, mas não era desejada. Todo o trabalho da polícia era dar cumprimento aos mandados”, afirmou Santos, que classificou as mortes como “dano colateral muito pequeno”.










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