As projeções para o resultado das eleições do Parlamento Europeu, cuja votação foi concluída no domingo (9), apontam para um avanço da direita da Europa, desafiando líderes das maiores potências do continente, como o presidente Emmanuel Macron, da França, e o chanceler Olaf Scholz, da Alemanha. A superação de seu partido pela direita de Marinne Le Pen fez Macron dissolver a Assembleia Nacional e antecipar para este mês eleições legislativas que ocorreriam apenas em 2027.
Os resultados divulgados no domingo são baseados em pesquisas. Se foram confirmados na contagem oficial, a centro-direita permanecerá com o maior partido no Parlamento Europeu e dois partidos de direita aumentarão as suas bancadas. Assim, a centro-direita ainda vai ter que formar uma coalizão para governar, mas as negociações e aprovação de leis vão ficar mais difíceis.
Cerca de 360 milhões de participantes dos 27 países da União Europeia estavam aptos a participar. Eles votaram em candidatos a dados de seus países. Eleitos, esses eurodeputados passam a integrar sete partidos supranacionais. Por isso, a onda de direita é uma promessa de que lideranças centristas ou de centro-esquerda possam ter dificuldades de governar seus próprios países.
Na França, o presidente Emmanuel Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou novas eleições parlamentares antecipadas após o seu partido Renaissance recebendo quase metade dos votos (15,2%) em relação ao partido Reunião Nacional, de Marine Le Pen e Jordan Bardella (31, 5%).
Macron afirmou que a ascensão de “nacionalistas” seria perigosa para a França e para a Europa. A nova votação foi marcada para os dias 30 de junho (primeiro turno) e 7 de julho (segundo turno), se houver.
A Assembleia Nacional Francesa equivale à Câmara dos Deputados no Brasil. O objetivo de Macron é reduzir a força de direita com as novas eleições, mas a manobra é considerada ariscada e pode ter efeito contrário. Seus antecessores François Mitterrand e Jacques Chirac dissolveram o Parlamento e viram a oposição (normalmente de esquerda) ganhar espaço.
Marine Le Pen celebrou a decisão de Macron e disse que seu partido está pronto “para assumir o poder se a França confiar em nós nas eleições nacionais”.
“Essa votação histórica mostra que quando as pessoas votam, elas vencem”, afirmou.
Quem também amargou com os resultados foi o chanceler alemão Olaf Scholz ao ver que seu partido social-democrata ficaria para trás dos partidos de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e União Democrata Cristã.
Na Espanha, o Partido Popular, de centro-direita, venceu as eleições e conseguiu 22 cadeiras, duas a mais que o Partido Socialista. O Vox, de ultradireita ficou em terceiro lugar.
Centro-direita aumenta seu poder no Parlamento Europeu
As previsões da eleição do Parlamento Europeu mostram que o Partido Popular Europeu, de centro-direita, deve sair mais forte do pleito. O partido deve assumir 184 cadeiras no Parlamento, o maior número nesta eleição. A chefe da Comissão Europeia (um dos órgãos executivos da União Europeia) Ursula von der Leyen, que faz parte do Partido Popular Europeu, disse que é o momento para usar “essa maioria forte” para construir pontes com partidos que pensam de forma semelhante.
Mais à direita que o PPE estão os partidos ECR (Conservadores e Reformistas), que devem eleger 73 parlamentares e ID (Identidade e Democracia), que podem ficar com 58 assentos.
Juntos, os três partidos de direita não conseguiriam formar uma coalizão com maioria suficiente para governar. Mas a atual coalizão do PPE com o S&D (Socialistas e Democratas), que deve eleger 139 eurodeputados, e com o Renovar Europa (de Macron), que terá 80 assentos, pode formar maioria.
O Renovar Europa, partido liberal e pró-União Europeia, perdeu 19 eurodeputados em relação à legislatura anterior. Mas quem sofreu o maior golpe das urnas no Partido Verde, deve eleger 53 deputados (19 a menos que na legislatura anterior). Analistas dizem que os verdes perderam preferência por tentar impor uma agenda de transição energética que foi prejudicada pela alta dos preços da energia causada pela invasão da Rússia à Ucrânia.
O partido Esquerda deve eleger 36 deputados, os grupos de não alinhados e independentes têm projeção para chegarem juntos a 98 representantes. Essas eram as projeções no fim da noite de domingo.
Primeiros-ministros da Polônia e da Itália deverão ser fortalecidos
Já na Itália, a primeira-ministra Giorgia Meloni pode respirar aliviada. Uma boca de urna da emissora pública de televisão RAI, divulgada neste domingo, diz que o partido dela, Irmãos de Itália (FDI), vencerá as eleições no país com cerca de 30% dos votos. Mais do que o resultado positivo, a votação nos últimos dias reafirmou sua força.
Giorgia lidera um governo de coligação de direita desde 2022 e é um dos principais líderes entre os grandes países europeus que teve um bom desempenho nas eleições europeias deste ano, segundo a BBC.
O partido Coalizão Cívica, do primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, de centro-direita, deve ter vantagem sobre o conservador e populista Lei e Justiça (PiS). Tusk vinha afirmando nas últimas semanas que a votação para o Parlamento Europeu pode determinar se a a guerra na Ucrânia vai ou não se espalhará pela União Europeia. Os partidos nacionalistas, de esquerda e de direita, vêm defendendo que a Europa reduza a ajuda militar e política à Ucrânia.
A cada cinco anos os cidadãos europeus votam em partidos dos seus países para compor o Parlamento Europeu que irá representá-los na União Europeia. Nesta edição da décima, são cerca de 360 milhões de participantes. No total, são sete partidos transnacionais para 27 países. As votações ocorreram na quinta-feira e terminaram neste domingo.
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