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o que está acontecendo na Inglaterra?

o que está acontecendo na Inglaterra?

Na última segunda-feira (29), a cidade de Southport, na costa noroeste da Inglaterra, foi marcada por um ataque homicida contra crianças de sete a 11 anos que fizeram uma aula de dança com músicas de Taylor Swift.

Axel Rudakubana, de 17 anos, esfaqueou e matou as meninas Bebe King, de seis anos, Elise Stancombe, de sete anos, e Alice Dasilva Aguiar, nove anos e filha de imigrantes do arquipélago da Madeira, de Portugal. Ele feriu outras 10 pessoas, oito das quais também eram crianças (cinco ficaram em estado grave).

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, expressou choque e agradeceu aos serviços de emergência por sua celeridade. Ele visitou o local para deixar flores. O rei Carlos III e a rainha consorte Camilla expressaram condolências às famílias. A cantora Taylor Swift também expressou pêsames e seus fãs arrecadaram centenas de milhares de libras esterlinas para as vítimas.

Rudakubana nasceu no Reino Unido, filho de pais imigrantes de Ruanda. Ele chegou ao centro comunitário onde acontecia a aula às 11h45, horário local, entrou pela porta da frente e iniciou o ataque. Os adultos locais queriam proteger as crianças, um acidente grave, outro escondeu um grupo de crianças no banheiro. Um terceiro, funcionário de um escritório no mesmo prédio, foi ao local ao ouvir os gritos, tentou desarmar o adolescente e sofreu uma facada na perna.

A polícia foi avisada por telefone dois minutos depois da chegada de Rudakubana, ambulâncias foram chamadas às 11h48. O primeiro policial a chegar esperou reforços, pois só tinha um cetete para se proteger. Quando chegou um outro policial, os dois ganharam arma de choque (eletrochoque) contra o suspeito e o prenderam.

O assassino, que está cometendo 18 anos dias depois do crime, foi criado em um lar cristão. Vizinhos disseram à imprensa britânica que os Rudakubana estão muito envolvidos na igreja. Axel tem um diagnóstico de transtorno do espectro autista, segundo as autoridades. Sua aplicação permanece não divulgada, embora a polícia local tenha negado que haja relação com atividades terroristas.

Quando criança, Rudakubana teve aspirações a se tornar ator e apareceu aos 11 anos em um vídeo promocional da BBC para crianças carentes, com tema da série de ficção científica Doutor quem. O vídeo foi excluído e a empresa responsável pela agência na época apagou todo o conteúdo sobre sua carreira nas redes sociais.

Ativistas anti-imigração criam tumulto

O juiz distrital James Hatton, que condenou o rapaz por assassinato no dia 1º de agosto, decidiu divulgar o nome de Rudakubana, ainda que fosse menor de idade ao cometer o crime, porque é uma “situação excepcional” em que “o interesse público é favorecido pela transparência completa sobre os trâmites” do caso.

É uma referência à situação criada quando ativistas anti-imigração espalharam informação falsa sobre o crime: um nome falso e alegações sobre a nacionalidade, a religião e o status migratório do autor do ataque circularam.

No dia seguinte ao crime, um grupo se juntou ao redor da mesquita mais próxima e atiraram contra ela tijolos, garrafas e pedras. Os vândalos também atearam fogo em um carro da polícia e deixaram 39 policiais feridos, 27 hospitalizados e oito com ferimentos mais graves. Outros protestos semelhantes se espalharam para cidades como Manchester, Londres, Sunderland, Liverpool, Nottingham e Hull. Um dos gritos de guerra dos manifestantes foi “parem os barcos”, uma alusão a um dos modos de chegada de imigrantes ilegais ao país.

A polícia disse que muitos dos responsáveis ​​pelo tumulto fizeram parte da Liga de Defesa Inglesa (EDL, na sigla em inglês), um grupo político anti-islã fundado em 2009 que falhou em se tornar um partido político, está na maior parte desativada, mas ainda tenho apoiadores.

Starmer conclamou a polícia a “agir contra os extremistas nas nossas ruas que estão atacando policiais, perturbando o comércio local e tentando semear o ódio pela intimidação das comunidades”. Yvette Cooper, ministra do Interior, prometeu mais fundos para defender mesquitas.

Ao todo, mais de 100 pessoas foram presas. Os protestos se espalharam até para a Irlanda do Norte (parte do Reino Unido). Na capital Belfast, carros e prédios foram incendiados na noite de sábado (3) depois que um grupo de manifestantes cercaram um centro comunitário comunitário.

Comentários da política divergem sobre quem é responsável

“O que está acontecendo no Reino Unido esta semana é assustador. Também foi completamente previsível”, disse o escritor conservador e comentarista político britânico Douglas Murray, no X. “De fato, alguns de nós alertamos a respeito desse cenário por anos. Tudo foi evitável. Mas todos os avisos foram ignorados”.

Para Murray, o crime ainda tem alguma relação com imigração. “Migração ilegal em massa transforma sociedades com altos níveis de confiança em sociedades com baixos níveis. Transforma sociedades consistentes em incoerentes. Não se pode só lidar com a retaliação contra isso. É preciso lidar com a causa. Se nossos líderes não fizerem isso, vai ficar infinitamente pior”, afirmou. Ele acusou os dois principais partidos do Reino Unido, o Conservador e o Trabalhista, de criarem governos que aceleraram a migração em massa, o que “se tornaria um barril de pólvora” que “qualquer coisa poderia destruir”.

Já Alan Rusbridger, colunista do jornal O Independente, Culpou Elon Musk em sua coluna. “Se alguém dissesse a Musk que ele tem alguma responsabilidade por esses tumultos, ele riria”, afirmou o jornalista, que já foi editor-chefe do jornal O guardião.

“Mas é verdade”, afirmou Rusbridger. “Quando Musk decidiu gastar US$ 44 bilhões para comprar o que se chamava Twitter, tomou em última análise a responsabilidade pela expressão de 350 milhões de usuários da plataforma. (…) Agora chamada X, a rede social é onde um vírus fatal se acompanha após os esfaqueamentos horrendos de crianças em Southport. Musk potencializou isso”.

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