O presidente eleito do Uruguai, Yamandú Orsi, realizou sua primeira visita oficial ao exterior na sexta-feira (29), encontrando-se com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília. Orsi descreveu o encontro como “um dia de trabalho muito bom”, destacando o compromisso do Brasil em apoiar e colaborar com o Uruguai em questões de interesse mútuo. Entre os temas propostos, incluiu-se a construção de uma ponte na cidade fronteiriça de Yaguarón e o dragado do canal de San Gonzalo, que conecta as lagoas Merín e dos Patos.
A aproximação de Orsi com o Brasil gerou críticas no governo Uruguai em fim de mandato e entre especialistas em relações internacionais. O chanceler uruguaio, Omar Paganini, reconheceu o Brasil como um “sócio comercial muito importante”, mas enfatizou que o crescimento do comércio exterior do Uruguai deve focar na Ásia e nos Estados Unidos. “Essa era nossa direção. Por isso, entendemos que temos que buscar todas as oportunidades, principalmente no lado do Pacífico”, afirmou Paganini em entrevista à Rádio Sarandí.
Especialistas também anunciaram preocupações em diversos veículos hispano-americanos. Ignacio Bartesaghi, diretor do Instituto de Negócios Internacionais da Universidade Católica do Uruguai, atualmente um “erro conceitual e diplomático de dimensão” a visão de que o Brasil seria a “China do Uruguai”. Ele afirmou: “A desorientação é total. Mas claro, depois não assuma o óbvio, que vamos em direção a um alinhamento automático com Lula”. O economista Aldo Lema apresentou essa visão, destacando que, “mais além das camadas ideológicas, é efetivamente um grande erro para o Uruguai explicitar 'Brasil é nossa China'”.
Em meio às críticas, Orsi buscou equilibrar sua posição, afirmando que a assinatura de um Tratado de Livre Comércio (TLC) com a China “está muito longe”. Após reunião com o embaixador chinês no Uruguai, Huang Yazhong, o presidente eleito destacou que qualquer avanço nesse sentido deve envolver a região. “O que é claro é que todos os avanços que implicam algo semelhante a um TLC devem envolver a região”, afirmou Orsi, salientando a importância de fortalecer as relações bilaterais dentro de um contexto regional.
A política externa de Orsi, que deverá ser marcada por uma aproximação significativa com o Brasil, suscita debates sobre a autonomia do Uruguai e a diversificação de suas relações internacionais. Enquanto busca fortalecer laços regionais, o novo governo enfrenta o desafio de equilibrar essas relações com a necessidade de explorar oportunidades em outros mercados globais, evitando uma dependência excessiva de um único parceiro.