Após sete anos da última passagem pelo Brasil, o musical Malvado volta aos palcos nesta quinta-feira (9). Myra Ruiz e Fabi Bang, como os mesmos protagonistas que conquistaram o público na montagem anterior, retornam respectivamente aos papéis de Elphaba e Glinda para mostrar um novo lado da história do Mágico de Oz. A nova versão do espetáculo, em cartaz em São Paulo, chega com novidades e um maior investimento nos cenários e efeitos visuais.
Vinícius Munhoz, produtor do musical, conta que a montagem não é uma réplica do espetáculo original, em cartaz há mais de 20 anos na Broadway, nos Estados Unidos. Ele explica que a produção de 2023 é uma versão brasileira que recebeu o aval de Stephen Schwartz, o compositor de Malvado.
“Ele disse que a gente fez com que o espetáculo dessa uma virada e se tornasse uma coisa diferente das outras produções que aconteceram como não replicar, onde muita coisa foi criticada e alterada ao longo do processo. Não vou dizer que não teve notas, passamos uma manhã inteira ouvindo 94 notas cena a cena do espetáculo, que ele foi escrevendo ao longo do ensaio que ele assistiu”, conta Munhoz.
O enredo de Malvado é “a história não contada das bruxas de Oz”, um musical inspirado no livro de Gregory Maguire. Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, e Glinda, a Bruxa Boa do Sul, são personagens famosas de O Mágico de Oz, mas no espetáculo surgem como dois jovens estudantes muito diferentes uma da outra e que são obrigadas a convierem juntas. Com o tempo, uma amizade nasce entre elas e os protagonistas acabam vítimas de uma situação muito maior que elas e que as leva às famas de “boa” e “má”, não necessariamente verídicas.
Para contar essa história, a montagem brasileira conta com 275 funcionários trabalhando diariamente para manter o show de pé. Além disso, o teatro precisou passar por mudanças para comportar o espetáculo, que quis trazer inovações na parte do cenário e dos efeitos especiais.
“A gente tem 38 toneladas aqui nesse palco. E para que as 38 toneladas fossem sustentadas aqui, tivemos que fazer reforço no piso e algumas estruturas no teto do teatro para que tudo fosse seguro”, revela Munhoz. O produtor também conta que a cenografia conta um telão de LED de 160 metros quadrados e oito toneladas, um artifício que foi criticado inicialmente por fazer parte de uma peça de teatro.
“A tecnologia não está aqui para substituir os cenários físicos. Ele soma ao cenário, faz com que o cenário se torne real, que ele tenha coisas vivas, que o vento internacional, que a mudança de dia para noite emocional. Poderíamos ter feito sem , mas que traríamos uma nova camada de realismo para o espetáculo. A gente sentiu que a mágica em ‘Wicked’ ficou muito no nosso imaginário. , defende o produtor.
Munhoz conta que foi com esse investimento que a produção brasileira conseguiu realizar feitos que ficou apenas nos sonhos dos responsáveis pela versão original, que entrou em cartaz em 2003. “Conseguimos atingir nessa produção coisas que, disse o Stephen Schwartz para nós aqui no Brasil, há 20 anos eles tentaram realizar, como alguns dos efeitos especiais e das transições de cena”, diz.
Com tantas novidades, um elemento importante segue o mesmo da montagem de 2016 para a de 2023: a escalação das protagonistas. Myra Ruiz e Fabi Bang conquistaram o público com os papéis de Glinda e Elphaba, o que pode ser garantido com os 40 mil ingressos vendidos antes mesmo da estreia do espetáculo. Foi como as duas bruxas que Myra concorreu e Fabi venceu o Prêmio Bibi Ferreira de 2016, ambas na categoria de Melhor Atriz.
As estrelas contam que, quando foram convidadas para fazer parte da nova montagem, a única condição foi que ambas voltassem a ser Elphaba e Glinda. Uma não faria o musical sem a outra. “Me sinto muito segura de ter a Myra como companheira de cena. A gente tinha uma parceria profissional e essa relação virou uma amizade”, diz Fabi.
Sobre a história de Malvado, as atrizes ressaltam a força das personagens femininas e do espetáculo ser protagonizado por duas mulheres de personalidades bem distintas. “A gente mostra, principalmente para as meninas, o quanto elas têm o poder de se emancipar, de aprender a voar, de aprender a ter empatia. Espero que meninas novinhas se inspirem nesse exemplo bonito de como ser humano também, porque não são personagens perfeitas, elas erram e reconhecem isso”, comenta Myra.
“É um espetáculo completamente feminino. A força do espetáculo está no contraste de virtudes entre Glinda e Elphaba. São personagens muito fortes, com características muito marcantes”, completa Fabi.
A interpretação de Glinda também conta que o maior desafio de dar vida a um mesmo personagem duas vezes é não repetir o que fez originalmente. “A gente já conhecia o espetáculo, a gente viveu ele intensamente, mas a gente tinha como desafio, que nós mesmos nos impomos, trazer um frescor, trazer novas emoções para o texto. Isso é um extramente desafiador”, fala.
O desafio de trazer o ar de novidade também fez parte do trabalho do diretor, o canadense John Stefaniuk. Ele conta que a chave para tocar a produção foi pensar em como o mundo mudou ao longo dos 20 anos que separam a estreia de Malvado da atualidade.
“Queria colocar em perspectiva como o mundo mudou em 20 anos e como a relação entre essas duas mulheres mudou. Começamos pensando no que está diferente. Não tinha redes sociais há vinte anos e vejo a Glinda como a primeira grande influenciadora do mundo. E, infelizmente, a Elphaba é a primeira vítima da cultura do cancelamento”, explica.
Porém, Stefaniuk garante que mesmo com as mudanças, o entrosamento em cena entre Myra e Fabi não mudou e considera esse um dos grandes feitos da montagem brasileira e que fará com que o público continue se apaixonando pela história das bruxas de Oz.
serviço
Malvado
estreia: 03/09/2023
local: Teatro Santander – Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041 – Itaim Bibi, São Paulo
sessões: quinta-feira às 19h30; sexta-feira às 19h30; sábado às 15h00 e 19h30; domingo às 15h00 e 19h30
preço: de R$ 25 a R$ 400
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