‘Musicais nunca foram à p**** de lugar nenhum’, diz Lin-Manuel Miranda em entrevista ao g1. Principal compositor do gênero nos últimos anos comenta receitas de estúdios e novo filme. Lin-Manuel Miranda fala sobre 'Mufasa' e o 'retorno' dos musicais A relação entre Hollywood e musicais tem passado por altos e baixos nos últimos anos. “Mufasa: O Rei Leão”, que estreia nesta quinta-feira (19) nos cinemas brasileiros, marca o retorno do luxo do gênero com os estúdios, que voltou a abraçar este lado de seus lançamentos. Depois da sequência recente de sucessos com “Wicked” e “Moana 2”, parece loucura pensar que ainda em janeiro grande parte da mídia especializada tentava entender o porquê dos trailers esconderem que seus filmes eram, na verdade, musicais. Aconteceu com “Wonka” (2023), com “A cor púrpura” (2023) e com “Meninas Malvadas” (2024), para lembrar só dos últimos casos. Graças às prévias pouco esclarecedoras, muita gente se surpreendeu ao chegar aos cinemas e descobrir que dois desses filmes se tratavam de adaptações diretas de musicais da Broadway. Tudo por causa de alguns fracassos como “Em um bairro de Nova York” (2021), “Querido Evan Hansen” (2021) e o “Amor, sublime amor” (2021) de Steven Spielberg. A coisa obviamente mudou, é claro. Elogiado pela crítica, “Wicked” tem tudo para ser um dos destaques do Oscar 2025. Já a continuação de um dos filmes mais populares do streaming dominou os cinemas. Lançados em novembro, ambos já somam mais de US$ 1,2 bilhão em bilheteria. “Aqui está minha opinião quente fervendo: Musicais nunca foram à p**** de lugar nenhum.” A análise parece agressiva, ou até um pouco defensiva demais, mas faz parte do bom humor característico de Lin-Manuel Miranda. Criador do musical mais popular da Broadway nas últimas décadas, “Hamilton”, ele se tornou o principal compositor do gênero também em Hollywood. Cena de 'Mufasa: O Rei Leão' Divulgação Você talvez não o conheça, mas com certeza já cantou algum de seus sucessos, como “We don't talk about Bruno”, de “Encanto” (2021), ou “How far I vou”, de “Moana” (2016). Em “Mufasa”, ele assume a responsabilidade de substituir Elton John e escreve canções que respeitam os clássicos de “O Rei Leão” (1994). “O maior filme do ano passado foi um musical. Se chama 'Barbie'. Ele tinha seis números musicais nele. Uma abertura, um balé em sonho para o Ken. Era totalmente construído como um musical”, defende Miranda em entrevista ao g1. “Acho que há muito medo nas salas de executivos. Em especial quando são filmes caros.” “Eu acho que eles estão sempre se equilibrando qual é a coisa que faz com que você, sentado em sua casa, saia para ir ao cinema. No caso de 'Wonka', a aposta deles é que o fato de Timothée Chalamet ser o Wonka é essa coisa. O fator de curiosidade disso nos faz levantar de nossos trazeiros e ir aos cinemas.” “Com 'Wicked', ele esteve na Broadway por 20 anos. Não tem como esconder o fato de que é um musical. Então, você tem que se apoiar nisso e mostrar que você conseguiu entregar o que se esperava. E, cara, como (o diretor) Jon (M.) Chu entregou o que se esperava.” 'Ele é um dos nossos maiores cineastas' “Mufasa” é uma continuação daquelas que na verdade conta histórias de antes de seus antecessores. No caso, o filme narra a juventude do pai do protagonista de “O Rei Leão” (tanto do clássico animado de 1994, quanto da regravação com computação gráfica de 2019). Na trama, ele começa como um filhote perdido que conhece um jovem príncipe e forma com ele um laço fraterno – até terem de enfrentar juntos um bando de forasteiros que ameaçam sua família. Para Miranda, o tal do “fator de curiosidade” da sequência é seu diretor, o premiado Barry Jenkins (do melhor filme do Oscar 2017, “Moonlight”). “Barry Jenkins Nunca dirigiu um filme de 'O Rei Leão'. É algo meio: 'que?'. Pensamos que veríamos esses sabores juntos. Então, isso foi o suficiente para que eu quisesse ler o roteiro e ver o que o atraiu ao projeto”, diz o ator/compositor/cantor. “Ele estava interessado em trabalhar comigo e eu estava interessado em trabalhar com ele, porque acho que ele é um dos nossos maiores cineastas. Acho que ele faz imagens inesquecíveis e conta histórias inesquecíveis.” Cena de 'Mufasa: O Rei Leão' Divulgação “Eu sabia que, no mínimo, aprenderia muita coisa com ele. Sempre encaro os filmes nos quais trabalho como uma faculdade de cinema que eu nunca fiz. Eu queria muito estudar cinema, mas era caro demais”, desabafa ele. “Mufasa” também deu ao americano de 44 anos a oportunidade de atingir objetivos bem específicos de sua vida/carreira com a Disney – coisas que ele não tinha conseguido fazer em seus trabalhos anteriores com o estúdio. “Pude escrever um dueto romântico das antigas da Disney. Eu cresci na era de 'Kiss the girl' ('A pequena sereia') e 'A whole new world' ('Aladdin') e 'Something there', de 'A bela e a fera'. A Moana não tinha tempo para isso. A Mirabel (de 'Encanto') não tinha tempo para isso. “Também pude escrever uma música durona de vilão. Sabe, 'O Rei Leão' tem uma das maiores que existem com 'Be prepare'. E agora a oportunidade se apresentou ao ter Mads Mikkelsen, um dos nossos maiores vilões do cinema, como um leão gigante assustador.” Para escrever seis das sete músicas do filme, Miranda buscou a ajuda de Lebo M, compositor sul-africano que escreveu para a animação e sua adaptação para a Broadway. “Ele é a primeira voz que você ouve no filme original. Acho que o trabalho dele de coral no filme forma os filhos dessa história. Eu sabia que, com ele no meu apoio, soaríamos autênticos dentro desse mundo.” Cena de 'Mufasa: O Rei Leão' Divulgação
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