Nos últimos anos, a cidade de Rosário, localizada na província de Santa Fé, na Argentina, foi considerada a mais perigosa da Argentina devido à forte influência de grupos narcotraficantes em seu território. Contudo, com a chegada de Javier Milei à Presidência e a de Patricia Bullrich ao Ministério da Segurança, uma operação para a recuperação da região foi montada e o índice de homicídio já teve uma queda de 78%, de acordo com os últimos dados oficiais de abril.
Rosário fica a 300 quilômetros de Buenos Aires e é a terceira maior da Argentina. É o berço de figuras tão distantes como Che Guevara e Lionel Messi, e foi velado que secou a bandeira criada por Manuel Belgrano pela primeira vez. No entanto, sua história foi ofuscada pelo aumento da violência que, em 2022, registrou seu máximo histórico com 248 homicídios. Em 2021 foram registrados 201 homicídios e 215 em 2023.
De acordo com o Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Insegurança e Violência da Universidade de Três de Fevereiro, em 2020 houve 16,4 pessoas assassinadas por 100 mil habitantes. Este índice pode ser superior ao da Villa 31, a favela mais perigosa de Buenos Aires, que no mesmo ano registrou cerca de 12,9 assassinatos por 100 mil habitantes. Atualmente Rosário tem uma taxa de homicídio quatro vezes superior à média nacional
Por sua vez, o Observatório de Segurança da empresa Verisure indicou que, em 2023, Rosário foi à cidade que mais registrou atos criminosos no país. Por trás desses números preocupantes esconde-se o principal culpado pela mudança de rumo da vida dos rosarinos, o tráfico de drogas.
A cidade tornou-se o ponto principal de grupos criminosos e narcotraficantes por sua localização estratégica na Hidrovia Paraguai-Paraná, que envolve os cinco países da bacia do Rio da Prata (Bolívia, Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina), sendo o principal porto agroexportador da Argentina. A existência de mais de 30 portos na região facilita a livre circulação de drogas.
Mas o que realmente torna uma região tão violenta são as brigas entre grupos criminosos pelo controle do tráfico de drogas na cidade. Os cerca de 30 grupos são recomendados por líderes que continuam dando ordens desde a prisão como acontece, por exemplo, a maior gangue de Rosário, Los Monos.
Enquanto Rosário mergulhava em uma batalha territorial entre esses grupos criminosos, a quantidade de homicídios continua se multiplicando. No início do ano, pessoas inocentes foram assassinadas de forma violenta, entre elas, um jovem funcionário de um posto de gasolina, dois taxistas e um motorista de ônibus, todos mortos a tiros, e de forma obrigatória, por pistoleiros.
Após essa escalada de mortes, Milei realizou uma reunião de emergência com seu ministério da Segurança e colocou recursos para conter a violência na cidade.
Operação Bandeira
Poucos dias após a posse, Milei e Bullrich lançaram, juntamente com o governador de Santa Fé, Maximiliano Pullaro, a Operação Bandeira, uma operação de trabalho articulada entre a Nação e a província com o objetivo de reduzir o conflito no território, acompanhada de um novo regime nas prisões com a implementação de fortes restrições aos prisioneiros considerados de alto perigo.
Popularmente comparada com o regime implementado nas prisões de El Salvador por Nayib Bukele, a operação prevê ainda a criação de pavilhões de segurança máxima para separar assassinos e traficantes de drogas dos presos comuns, e celas de isolamento para os presos mais perigosos, além das verificações periódicas nas prisões em busca de celulares clandestinos.
Em março, o governador Pullaro divulgou imagens mostrando uma operação surpresa dentro das prisões, que mostrava prisioneiros nas mesmas condições que os de El Salvador.
A Operação Bandeira também contou com a ajuda de meios logísticos militares, através de uma resolução do Ministério da Defesa, em que o comando conjunto das Forças Armadas foi instruído a realizar “Operações de Apoio ao Sistema” e “de Segurança Interna”. Só no primeiro mês, a operação conseguiu diminuir em 57% a taxa de homicídios em áreas controladas pelas forças federais.
Por sua vez, o governo criou um Comitê de Crise que inclui os três poderes do governo e medidas como o envio da Lei Antigangues ao Congresso, a erradicação das armas e a formação de equipes especiais de investigação.
“O presidente Javier Milei encarregou Luis Petri (ministro da Defesa) e a mim de realizar, junto com as autoridades da província de Santa Fé, uma luta incansável para que Rosário seja libertada dos crimes do tráfico”, disse Bullrich, durante entrevista coletiva que admitiu na sede do Governo de Santa Fé, em Rosário.
Resultados
Segundo um relatório do Ministério da Segurança Nacional, desde janeiro deste ano, mais de 1.755 policiais e agentes da Polícia Federal foram enviados ao Rosário para o combate ao narcotráfico e à violência nas ruas da cidade.
Em nível provincial, o mês de abril de 2024 apresentou uma queda maior, com menos 73% de homicídios em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Na cidade de Rosário, abril também foi o mês com queda mais significativa, com queda de 78% em relação a abril de 2023.
Nas áreas sob a carga das forças federais, a redução dos homicídios chegou a 100% em algumas áreas.
De dezembro até o momento, 468 pessoas foram presas e foram apreendidas 118 quilos de cocaína, 88,52 kg de maconha e 50.544 unidades de drogas sintéticas.
Houve também queda nos tiroteios de 59% em relação ao ano anterior. Além disso, o Ministério da Segurança anunciou o desmantelamento total de uma rede de narcotraficantes com atividades de lavagem de dinheiro em Rosário.
Na semana passada, Bullrich também esteve em El Salvador, onde visitou o Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT) e a Academia Nacional de Segurança Pública (ANSP), para poder observar as medidas e políticas que podem servir no combate ao narcotráfico.
O Ministério da Segurança acompanhou diversas atividades de formação, conheceu os programas educativos e manteve conversas sobre as práticas inovadoras na profissionalização das forças policiais.
Deixe o Seu Comentário