A candidatura foi confirmada oficialmente pela ABL. O quadrinista confirmou a candidatura à cadeira 8, que foi contratada pela acadêmica Cleonice Berardinelli, nas redes sociais. Mauricio de Sousa, mais famoso e premiado autor de quadrinhos do país. Claudio Belli/ Divulgação MSP O quadrinista e escritor Maurício de Sousa se candidatou a ocupar uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele confirmou a candidatura à cadeira 8, que era empregada pela acadêmica Cleonice Berardinelli, que morreu aos 106 anos em janeiro. A candidatura foi confirmada oficialmente pela ABL. “A candidatura à ABL é para reunir esforços com todos os acadêmicos em levar a importância desta entidade secular para que crianças e jovens conheçam mais a nossa literatura e grandes autores que por lá estão e já permaneceram”, disse Maurício nas redes sociais. A cadeira que será disputada por Maurício de Sousa tem como patrono o advogado, magistrado e poeta Cláudio Manoel da Costa. Além de Cleonice Berardinelli, já teve como ocupantes Alberto de Oliveira, Oliveira Viana, Austregésilo de Athayde, Antonio Callado e Antonio Olinto. A candidatura foi oficializada com o envio de uma carta por Maurício, de 87 anos, enviada para Merval Pereira, presidente da Academia Brasileira de Letras, na semana passada (Leia a íntegra da carta no fim da reportagem). 60 anos da Mônica A candidatura de Maurício de Sousa à ABL acontece no ano em que Mônica, personagem mais famosa criada por ele, completa 60 anos. O personagem é inspirado em uma das filhas do escritor. A Turma da Mônica já vendeu mais de 1,2 bilhão de gibis e 15 milhões de livros. Entre os planos de Maurício também está um filme sobre outro de seus personagens mais famosos: Chico Bento, que será interpretado por Isaac Amendoim. Mauricio de Sousa anuncia o influencer Isaac Amendoim, de 9 anos, como intérprete de Chico Bento nos cinemas Reprodução No fim do ano passado, ele recebeu uma homenagem da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) pelo trabalho de décadas incentivando a leitura. Confira a íntegra da carta de candidatura de Maurício de Sousa à ABL: “Ao Ilustríssimo Sr. Merval Pereira Presidente da Academia Brasileira de Letras, Eu tinha entre quatro e cinco anos de idade quando vi uma revista em quadrinhos caiuda na calçada. Aquelas ilustrações me ajudaram alegraram de tal forma que pedi aos meus pais que lessem pra mim. Eles acreditaram a me trazer mais revistinhas de quadrinhos. E toca ler pra mim. Até que minha mãe, muito ocupada com outros afazeres, me permitiu alfabetizar. Em três meses eu já sabia ler e aí foi uma revolução na minha vidinha de criança. Só sei dizer que depois dos gibis fui para os livros de Lobato e na juventude já era rato de biblioteca. Lia um livro por dia. Eça de Queiroz, Machado de Assis, Raquel de Queiroz, Guimarães Rosa… Hoje, aos 87 anos e sendo autor de criação de uma turminha viva, vejo o mesmo acontecer em milhões de crianças pelo Brasil sendo estimuladas à leitura pelos quadrinhos e se alfabetizarem até antes da escola. s nas bienais do Livro e pelas escolas do Brasil peço que quem aprendeu a ler com a Turma da Mônica levante a mão. Todos se levantaram. Claro que alguns para me agradar, mas todos se sentiram infectados pelo bichinho da leitura. Penso que nossa função, como autores, é criar novos leitores. A ABL é o centro de valorização, não apenas do autor brasileiro, mas do leitor. Sem leitor não há a mágica da literatura. E para se conquistar o leitor, a melhor época é a infância. E este o será para sempre. A Turma da Mônica hoje está em todas as plataformas de comunicação, para não deixar escapar uma conexão que o futuro cobrará de todos. Posso dar esta contribuição para que o trabalho da ABL pelo estímulo à leitura por meio de seus imortais seja mais e mais reconhecido, fortalecendo os leitores dos nossos clássicos também pelo meio dos quadrinhos. Nossos personagens, por esta razão, são emprestados às campanhas importantíssimas no Brasil e no mundo. Projeto com a ONU mulheres e o UNICEF. Em parceria com a UNESCO, ressaltando o direito humano à alfabetização. No projeto Donas da Rua, foram homenageadas diversas escritoras brasileiras, como Clarisse Lispector, Maria Firmina dos Reis e Lygia Fagundes Telles. Personagens criadas para melhor informar o que é a empatia e a inclusão, como Luca (um garoto que usa cadeira de rodas) e Dorinha (menina cega inspirada em Dorina Nowill), aproveitando a turminha como fonte de confiança para gerar a solidariedade e disseminar ensinamentos sobre os muitos amigos com alguma deficiência. Crianças e jovens precisam não apenas ser informados como formados pela magia da literatura e seus personagens incríveis. Venho então não pedir apenas participar da eleição para A CADEIRA No. E os quadrinhos são literatura pura dos tempos modernos onde o desenho se incorpora para conquistar mais e mais leitores. São milhões deles. Darei minha contribuição se assim os imortais também entenderem. Imortais que em algum número permaneceram comigo no chá das cinco do dia 9 de março de 2023 para breves conversas até mesmo sobre a natureza do meu trabalho. Eu senti o melhor dos climas desde os primeiros passos e palavras ouvidas dentro da maravilhosa sede da ABL. Atenciosamente Mauricio Araújo de Sousa”
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