Desde o desempenho fraco no debate presidencial do mês passado, Joe Biden vem sendo pressionado a desistir da campanha de reeleição dentro do próprio partido, questão que é indiscutível para ele, segundo expressa em seus discursos.
Essa insistência em manter-se como candidata à presidência é motivada principalmente pela primeira-dama, Jill Biden, que entrou na linha de frente da campanha do marido no mês passado.
“Como comandante-chefe, o presidente Biden acorda todas as manhãs pronto para trabalhar para vocês. É disso que se trata esta eleição: vocês”, declarou a esposa do presidente dias depois do debate fracassado.
Casada com o mandatário democrata há 45 anos, Jill é vista como a principal conselheira política de Biden desde a época em que ele era senador.
Hank Sheinkop, veterano estrategista democrata, contou à BBC em uma reportagem sobre a primeira-dama que ela integra um grupo de conselheiros importantes que exercem influência sobre o presidente e podem até incentivá-lo a obrigação ou abandonar a disputa.
“É justo chamar-la de consulta mais próxima de Biden. A família é importante significativamente para ele e isso torna o papel de Jill Biden ainda mais importante”, disse Sheinkop.
Ao jornal Político, um ex-assessor sênior de Biden também fez considerações sobre a primeira-dama. “Ela geralmente está na sala quando a equipe sênior de campanha está apresentando uma estratégia para o marido. Ela fará perguntas”, disse.
Nascida em junho de 1951, Jill Tracy Jacobs Biden é a segunda esposa de Biden. Os dois se conheceram poucos anos depois da primeira esposa do mandatário americano morrer em um acidente de carro com uma filha.
Jill trabalhou como professora de inglês para o ensino médio por longos anos enquanto o democrata serviu como senador dos EUA por Delaware. Ela continuou na profissão mesmo depois de chegar à Casa Branca, sendo a primeira pessoa na função de primeira-dama a fazê-lo.
Esta é a quarta vez que Jill se dedica à campanha do marido para a presidência.
A primeira aconteceu em 1987, quando Biden era um aspirante democrata, mas teve sua candidatura frustrada por uma acusação de plágio. Michael Dukakis foi então escolhido para disputar a Casa Branca, mas foi derrotado nas eleições por George Bush.
Em 2008, ele novamente perdeu a nomeação para outro candidato, Barack Obama, mas foi convidado a se juntar à chapa como vice-presidente, levando Jill à Casa Branca em um segundo plano.
Na terceira vez, em 2020, sua participação na campanha que levou Biden à presidência teve grande visibilidade.
Esse destaque permanece crescente. No mês passado, ela iniciou uma turnê por estados-chave americanos ao lado da vice, Kamala Harris, defendendo o aborto.
A campanha de Biden comunicou que duas participariam de mais de 50 eventos em todo o país, com foco em estados que são verdadeiros campos de batalha com os republicanos. Isso incluiu uma turnê em Wisconsin com a senadora Elizabeth Warren e vários eventos com mulheres apoiadoras do aborto.
Assessores e conselheiros de Biden afirmaram ao jornal Político que Jill também se apresenta indiretamente na campanha como “testemunha de caráter” para a família de Biden. Por exemplo, com Hunter, filho do presidente que foi considerado em uma ação criminosa por posse e compra ilegal de arma.
Durante o processo, Joe Biden não compareceu ao tribunal, mas a primeira-dama, que não é mãe de Hunter, esteve presente durante a seleção do júri e no dia do resultado do julgamento ao lado da esposa dele, Melissa Cohen-Biden, e sua irmã Ashley Biden.
A campanha de Biden também acredita que Jill seja um canal para eleitores indecisos dos subúrbios, especialmente mães, que se identificam com ela e podem render votos ao partido.
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