O Irã enfrentou um declínio de sua economia desde o restabelecimento das avaliações dos Estados Unidos em 2018, durante o governo de Donald Trump, que atingiu fortemente as exportações de petróleo do país em si. Como consequência, o regime precisou adotar medidas impopulares, como aumento de impostos, para contornar a situação.
Apesar disso, Teerã continua a patrocinar grupos terroristas no Oriente Médio, com treinamento e armas, a fim de manter suas guerras indiretas contra Israel e seus aliados, levantando questionamentos sobre a origem do dinheiro usado nesses empreendimentos.
Uma investigação da revista O economistadivulgado no último mês, revelou que o Irã canaliza bilhões de dólares em vendas ilícitas de petróleo para bancar seu enigmático programa nuclear; o Eixo da Resistência – composto pelo Hezbollah, Hamas, Houhtis e milícias do Iraque; e produz seus drones que são vendidos para a Rússia e usados na invasão da Ucrânia.
Mesmo com o colapso de sua petroeconomia, em 2023 o país persa gerou uma receita entre US$ 35 bilhões e US$ 50 bilhões com o comércio de petróleo. As exportações petroquímicas rendem outros bilhões – em torno de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões.
Em conversa com fontes especializadas no setor petrolífero, incluindo ex-funcionários da área de avaliação membros e da inteligência de países ocidentais e árabes, a O economista descobriu que o Irã investiu ao longo dos últimos anos canais financeiros paralelos, que vão desde suas plataformas de petróleo a cofres virtuais secretos em seu banco central, capazes de ocultar transações com países compradores de petróleo, como a China, apontada como uma das arquitetas desse esquema ilícito.
Segundo a investigação, os grandes bancos e centros financeiros do mundo são usados nesse sistema, mesmo sem saber que existe um processo empreendedor. Uma das fontes consultadas, que possui conhecimento específico sobre o procedimento do Irã, afirmou que, em julho deste ano, o país tinha cerca de 53 bilhões em dólares, 17 bilhões em euros e quantidades menores de outras moedas no exterior.
As duras avaliações dos Estados Unidos para conter o terrorismo financiado por Teerã e o desenvolvimento de seu programa nuclear impedem qualquer empresa americana de negociar com o país do Oriente Médio. As medidas também atingem empresários estrangeiros que negociam diretamente com os Estados Unidos, afastando-os de parcerias com o regime de Ali Khamenei.
Com isso, o Irã encontrou uma forma de “enganar” o mercado com um sistema próprio de venda de petróleo, que envolve vários setores dentro do regime e grupos externos. A estatal National Iranian Oil Company (NIOC, na sigla em inglês) possui o monopólio da produção no país.
No entanto, existe uma participação suíça da NIOC, uma Naftiran Intertrade Company (NICO), que participa da comercialização de petróleo no exterior. Além da participação, alguns ministérios do regime iraniano, grupos religiosos e até fundos de pensão são responsáveis pela venda da matéria-prima.
Um ex-oficial americano familiarizado com o assunto afirmou ao The Economist que “o sistema é quase medieval”.
“É como essas pessoas receberam pedaços do reino”, disse a fonte.
Segundo os dados juntados à investigação, as Forças Armadas do Irã foram responsáveis por vender US$ 4,9 bilhões em petróleo bruto somente no ano passado. A Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) também recebe uma grande quantidade de petróleo para comercialização, geralmente sem comprovações oficiais, para não criar eventos contra o país.
Um ex-oficial iraniano disse que a Força Quds, ala do IRGC que atua em outros países, recebeu US$ 12 bilhões com o comércio irregular de petróleo em 2022.
O governo americano informou que o Irã também usa empresas de fachada para fugir das sanções ocidentais, por meio da terceirização das vendas no exterior, como ocorre com a empresa turca ASB, de acordo com o Departamento de Justiça dos EUA. As estimativas apontam para mais de cem empresas que atuam ilegalmente nesse mercado secreto.
Um contrato sigiloso que vazou para a imprensa, entre a ASB e um comandante do IRGC, mostrou que uma detalhamento da ASB, chamada Baslam, transferiu 51% de suas ações para a Força Quds quando começou a trabalhar para eles. A data de início das negociações não foi revelada.
Segundo a The Economist, muitos contratos feitos por uma das mediadoras que vendem o petróleo iraniano não mencionam sua procedência ou declaram falsamente como produzidos no Iraque, Malásia ou Omã. A origem real, segundo a investigação, é frequentemente divulgada em uma carta confidencial a que poucos têm acesso.
O transporte da matéria-prima também passa por um longo processo ilícito. Geralmente, o petróleo é transportado em navios com bandeiras de outros países, como o Panamá, por exemplo.
Essas embarcações pegam petróleo em um dos terminais de exportação do Irã. Com o recurso em mãos, utilizam dispositivos de comunicação ou softwares para despistarem a localização até chegarem ao Iraque ou Omã, onde a carga é entregue para outro navio.
A partir daí, ocorre uma nova mudança de embarque na Malásia ou em Cingapura, e a mercadoria segue em direção à China, principal compradora do petróleo iraniano.
Com o complexo processo, o regime de Teerã consegue manter o financiamento de suas operações terroristas no Oriente Médio e gerar receita de forma ilícita, apesar das avaliações americanas de longos dados contra o país.
Deixe o Seu Comentário