O boicote de quase todos os parlamentares do governante Partido do Poder Popular (PPP) tornou-se extremamente difícil o movimento de destituição do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, votado neste sábado na Assembleia Nacional do país. A votação começou às 18 horas (horário local, 6 horas de Brasília), depois que todos os deputados do PPP, com exceção de dois, deixaram a câmara. Para que a destituição fosse aprovada, seria preciso que pelo menos oito deputados governamentais votassem pelo impeachment, já que são necessários pelo menos 200 dos 300 deputados e a oposição é composta por 192 legisladores.
O principal partido da oposição, o Partido Democrático (PD), e as outras cinco forças políticas do país realizaram um movimento para destituir Yoon na última quarta-feira, após o presidente ter decretado inesperadamente a lei marcial na noite de terça-feira, acusando a oposição de “atividades antiestatais” e de serem “forças pró-norte-coreanas”. O estado de emergência foi suspenso após os partidos da oposição e parte do próprio PPP terem votado na Assembleia Nacional pela revogação daquela medida poucas horas depois de ter sido decretado, e apesar das tentativas da polícia e das tropas sul-coreanas para bloquear o acesso ao Parlamento e assume o controle da câmara.
Na primeira reunião pública desde a última terça-feira, o mandatário sul-coreano pediu desculpas pela aprovação da lei e declarou que a medida “foi tomada com um senso de urgência”. “Sinto muito e peço sinceras desculpas aos cidadãos, que se sentiram muito angustiados”, declarou Yoon.
Líder de partido governamental havia indicado apoio ao impeachment
O boicote dos parlamentares do partido governista desmancha as expectativas de que a legenda apoiasse a destituição de Yoon, criada após o líder do PPP, Han Dong-hoon, ter sinalizado que os deputados votassem pela cassação. Segundo ele, o partido tem “evidências confiáveis”, provindas da inteligência coreana, de que Yoon teria instruído o comandante da Contra-Inteligência do país a prender políticos importantes, inclusive Han, sob a acusação de “atividades antiestatais” durante a lei marcial. O dirigente do partido afirmou também que o atual presidente “poderia colocar a República da Coreia e os seus cidadãos em grande perigo”.
A votação da moção de destituição na Assembleia ocorreu após outra proposta de instalação de investigação sobre a primeira-dama, Kim Keon-hee, por suposta corrupção, que não avançou apesar da maioria de 198 votos a favor e 102 contra, que já apontava para o fracasso da iniciativa de destituir Yoon. Este resultado refletiu que apenas seis membros do PPP quebraram a disciplina de votação aberta pela formação conservadora, que acabou concordando em rejeitar a moção contra Yoon após ter hesitado nos dias anteriores sobre o assunto.
Milhares foram às ruas pedindo o impeachment do presidente
Milhares de sul-coreanos saíram pelas ruas para se manifestarem a favor da votação que poderá destituir Yoon. O protesto, que envolve a participação de figuras políticas, teve também a participação da Confederação Coreana de Sindicatos (KCTU), o maior grupo sindical do país. A manifestação teve início às 15 horas (horário local. 3 horas da madrugada em Brasília), diante da sede do órgão legislativo, em meio a um grande esquema de segurança. Além da KCTU, vários outros grupos se reuniram em diferentes pontos da capital e se deslocaram até a Assembleia, em uma mobilização chamada de “marcha de vigilância nacional”. O protesto pode se prolongar tarde e à noite, dependendo do resultado da votação.
Caso Yoon perca o mandato, será o terceiro presidente sul-coreano afastado neste século. Segundo o instituto Realmeter, 73,6% querem que o presidente deixe a carga.
Deixe o Seu Comentário