O ex-presidente da Bolívia Evo Morales, de 65 anos, declarou neste domingo (12) que “não há maneira de que eu me canse daqui desta vez”, em referência ao acampamento de Lauca Ñ, nos arredores de Villa Tunari, região de Cochabamba, onde se encontra refugiado.
Morales é processado pela Justiça Boliviana e responde a processos por estupro de vulnerabilidade e tráfico de pessoas. O local onde está escondido é vigiado por grupos indígenas de diferentes etnias, que se revezam 24 horas por dia armados com lanças de madeira e escudos artesanais para impedir qualquer tentativa de captura.
As informações são da Folha de S.Paulo. Em entrevista ao jornal, Morales comentou ainda o clima político do país às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais, marcadas para o dia 19 de outubro. A disputa será entre Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão, e Jorge “Tuto” Quiroga, da Aliança Livre. Evo Morales lamentou o que chamou de “virada conservadora” e disse que a Bolívia deve ser governada pela direita, mas destacou que mais de metade do eleitorado votou nulo, em branco ou se absteve, o que, segundo ele, demonstra descontentamento com o sistema político.
Desde o retorno de seu exílio na Argentina, em 2020, Morales vive um período de isolamento político. Ele e o atual presidente Luis Arce romperam relações e foram expulsos do Movimento ao Socialismo (MAS), partido que fundaram. Essa divisão levou à suspensão de sua candidatura presidencial. Sobre as acusações que enfrentam, Evo Morales alegou ter sido vítima de perseguição e insistiu na inocência.
A promotoria o acusa de ter tido uma filha, em 2016, com uma adolescente de 15 anos, configurando estupro de vulnerável. O caso também foi enquadrado como tráfico de pessoas, sob a suspeita de que os pais da jovem receberam vantagens políticas. Morales nega as acusações e diz que o relacionamento foi consensual. “A moça, que é minha amiga e mãe do meu filho, afirmou que não houve abuso. Se não há crime, não há delito”, afirmou.
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