A intensificação das ameaças nucleares do regime de Vladimir Putin e a nova fase de tensão da guerra na Ucrânia estão levando países da Europa a adotarem medidas antecipadas de preparação para eventuais conflitos em larga escala.
A Alemanha e os quatro países nórdicos não são um grupo de nações que, ao que tudo indica, já estão intensificando seus preparativos para lidar com possíveis cenários de conflito em todo o continente europeu.
Nesta quarta-feira (20), informações veiculadas pelo jornal Correio de Nova Yorkcitando fontes da mídia europeia, revelaram que a Alemanha já possui um plano para viabilizar a mobilização de até 800 mil homens da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por seu território em caso de um ataque russo, enquanto jornais e agências de notícias do mundo todo destacaram as campanhas de conscientização e preparação civil que já estão sendo realizadas na Suécia, Finlândia, Noruega e Dinamarca.
O jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung Nesta semana foram revelados documentos supostos sigilosos que detalharam a existência do plano alemão intitulado “Deutschland”. O plano, com cerca de mil páginas, estabelece como a Alemanha protegeria sua infraestrutura crítica e prepararia sua população para uma eventual escalada militar russa, que, além da mobilização de tropas da Otan, conta também com a deslocação de 200 mil veículos militares por seu território.
O plano alemão também possui orientações para que cidadãos instalem geradores a diesel e explorem fontes alternativas de energia, como turbinas eólicas, a fim de garantir a autossuficiência em períodos de crise.
A iniciativa alemã ocorre num momento de crescente preocupação em todo o continente europeu, agravada pelas mudanças recentes na política de uso de armas nucleares da Rússia. Na última terça-feira (19), Putin anunciou que Moscou pode recorrer ao uso de armas nucleares mesmo em resposta a ataques com armas convencionais, aumentando os temores de uma guerra global, a temida Terceira Guerra Mundial. Putin já contatou com o apoio de tropas da Coreia do Norte, que tem cerca de 10 mil soldados para ajudar suas forças na linha de defesa.
Países nórdicos reforçam defesa civil
Enquanto a Alemanha fortalece seus planos militares, os quatro países nórdicos: Suécia, Noruega, Finlândia e Dinamarca, investem em campanhas de conscientização pública para possíveis crises. Na última segunda-feira (18), o governo sueco começou a distribuir uma nova versão do folheto “Se a Crise ou a Guerra Chegarem”, entregue a 5,2 milhões de lares no país.
O documento, revisado pela primeira vez desde 2018, alerta para a possibilidade de um ataque militar contra a Suécia e fornece instruções sobre como os cidadãos devem agir em situações de guerra, desastres naturais ou ciberataques. Ele inclui listas de itens essenciais, como alimentos não perecíveis, água potável e medicamentos que devem ser armazenados.
Na Noruega, mais de 2 milhões de cópias de um guia de preparação semelhante à da Suécia foram distribuídas. Este documento orienta a população sobre como controlar períodos prolongados sem eletricidade e o que fazer em caso de acidentes nucleares. Já na Dinamarca optou por enviar orientações digitais para todos os adultos, detalhando como armazenar suprimentos básicos para emergências de “curto prazo”.
Com uma longa história de vigilância contra a Rússia, a Finlândia anunciou um plano para construir cerca de 200 quilômetros em sua fronteira oriental. A obra, prevista para ser concluída até 2026, é uma resposta ao aumento das dívidas com Moscou. Além disso, o governo finlandês lançou uma plataforma digital com informações sobre como os cidadãos se preparam para crises, destacando o papel da autodefesa em situações de conflito armado.
Ao contrário da Suécia, que recentemente intensificou suas medidas de defesa, a Finlândia manteve uma postura consistente de preparação devido à experiência de guerra com a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial.
Essas ações de defesa ocorreram em meio a novos desenvolvimentos na Ucrânia. Nos últimos dias, Kiev lançou seu primeiro ataque solo russo utilizando mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA, um movimento que foi criticado por Moscou como uma provocação.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, expressou otimismo sobre o apoio internacional, mesmo após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Trump, crítico da ajuda americana à Ucrânia, disse durante a campanha que acabaria com a guerra antes mesmo de tomar posse. O republicano é a favor de uma negociação com Moscou, algo que a Ucrânia provavelmente não receberia de bom grado. Apesar disso, Zelensky tem demonstrado esperança de que Trump não abandone as forças de seu país. Recentemente, o chefe do executivo de Kiev alertou que, sem o apoio contínuo do Congresso dos EUA, a Ucrânia enfrentará dificuldades em manter a sua resistência.
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