O secretário da Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, afirmou nesta quarta-feira (15) em Bruxelas que Washington e seus aliados “imporão custos à Rússia por sua agressão contínua” caso Moscou não encerre a guerra na Ucrânia.
A declaração foi feita durante reunião do Grupo de Contato para a Defesa da Ucrânia, realizada na sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e reforçar a posição do governo de Donald Trump de pressão sobre o Kremlin por meio de poder militar e diplomacia estratégica.
“Se precisarmos dar esse passo, o Departamento de Guerra dos Estados Unidos está pronto para fazer a sua parte, de uma forma que apenas os Estados Unidos podem fazer”, disse Hegseth. O secretário destacou ainda que “esta não é uma guerra que começou sob a responsabilidade do presidente Trump, mas terminará sob ela”, ressaltando o compromisso do atual governo americano em buscar uma solução negociada para o conflito no leste europeu, porém a partir de uma posição de força.
Segundo Hegseth, a prioridade da Casa Branca neste momento é encerrar “esta trágica guerra, impedir o derramamento de sangue desnecessário e ir à mesa de paz”. O chefe do Pentágono reiterou que a atual política de Trump combina pressão militar e incentivo à negociação direta com Moscou, dentro de um quadro em que os aliados de Otan são chamados a contribuir mais para a segurança europeia.
O secretário insistiu que a paz só pode ser alcançada por meio da força e das capacidades reais de dissuasão.
“Você obtém paz quando é forte. Não quando usa palavras fortes ou balança o dedo – você a obtém quando tem capacidades reais que os adversários respeitam”, declarou.
Durante o encontro, Hegseth pediu que os países da Otan aumentassem seus investimentos na Lista de Necessidades Prioritárias da Ucrânia (PURL), o novo mecanismo que substituiu as doações diretas de armas dos Estados Unidos a Kiev. Através do PURL, os aliados financiaram a compra de armamentos americanos destinados à defesa ucraniana.
“Nossa expectativa hoje é que mais países doem ainda mais, que comprem ainda mais para provar a Ucrânia e levar esse conflito a uma conclusão importante”, disse. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, confirmou que mais de US$ 2 bilhões já foram comprometidos por meio da PURL e que “mais de 16 aliados” aderiram à iniciativa, incluindo Bélgica, Alemanha, Canadá, Noruega, Dinamarca e Suécia.
O primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmyhal, que também participou do encontro, apresentou-se como prioridades militares de Kiev para 2025 e 2026, destacando a necessidade de obter mísseis de longo alcance, como os Tomahawk solicitados aos Estados Unidos.
“Precisamos combinar nossos drones de ataque profundo com os mísseis de ataque profundo de nossos parceiros. Peço esse tipo de apoio”, afirmou.
Shmyhal estimou que a Ucrânia precisará de cerca de US$ 120 bilhões em 2026 para financiar sua defesa, metade dos quais poderiam ser cobertos por recursos internos. Ele pediu que os países aliados destinem “não menos de 0,25% do PIB ao apoio militar à Ucrânia”, ou, caso contrário, recorram a empréstimos garantidos pelos ativos passivos congelados.
No final da reunião, o representante ucraniano agradeceu “todos os esforços pessoais do presidente Trump para levar a Rússia às negociações de paz”, mas anunciou que “a Rússia ainda acredita que pode ganhar mais influência com bombas”. Segundo ele, apenas “uma pressão global forte e autêntica” poderá fazer Moscou mudar de posição e abrir caminho para um cessar-fogo duradouro.
Deixe o Seu Comentário