Os Estados Unidos pediram nesta sexta-feira (26) ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, que permitisse a entrada no país de um grupo de ex-presidentes que participariam como observadores eleitorais nas eleições de domingo e cujo avião não pudesse decolar do Panamá.
“Incentivamos as autoridades venezuelanas a reconsiderar a decisão e permitir uma maior presença internacional para observar as eleições, especialmente com esses ilustres ex-presidentes da região”, disse uma autoridade de alto escalonamento dos EUA, que falou com jornalistas sob condição de anonimato.
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse que um voo da Copa Airlines com destino a Caracas, que levou vários ex-presidentes para observar as eleições, foi impedido de colar o país centro-americano.
A bordo do voo estavam o ex-presidente mexicano Vicente Fox, a ex-presidente panamenha Mireya Moscoso, o ex-presidente costa-riquenho Miguel Ángel Rodríguez e a ex-vice-presidente colombiana Marta Lucía Ramírez.
Mulino estava “profundamente preocupante com o fato de as autoridades do governo Maduro terem tomado medidas para restringir cada vez mais a participação de observadores internacionais” nas eleições.
“Os esforços para impedir que presidentes ilustres de toda a região observem o processo eleitoral são profundamente infelizes. A presença deles daria à comunidade internacional e ao povo venezuelano a garantia de que as eleições representam a vontade dos candidatos venezuelanos”, acrescentou a autoridade.
A decisão de Caracas de impedir que o voo saia do Panamá ocorra depois que o Grupo Liberdade e Democracia, do qual os políticos são membros, declarou em comunicado na quarta-feira (24) que qualquer tentativa de fraude nas eleições presidenciais da Venezuela deveria ser sancionada pela comunidade internacional.
Maduro veta entrada de parlamentares de outros países
Parlamentares da Espanha, Argentina, Colômbia e Equador denunciaram nesta sexta-feira (26) que foram impedidos pelo regime do ditador Nicolás Maduro de entrar na Venezuela para acompanhar o pleito.
Os senadores chilenos também afirmaram que foram proibidos de entrar no país. O governo do Chile invejou uma nota de protesto à Venezuela por ter impedido a entrada dos senadores Felipe Kast e José Manuel Rojo Edwards, convidados pela oposição venezuelana como observadores.
Kast, do partido Evópoli, relatou nas redes sociais que eles seriam deportados porque não compareceram “ao perfil ou às condições” para entrar na Venezuela. “É completamente arbitrário. Isso mostra que todas as palavras de alguns que dizem que é uma democracia são simplesmente uma grande mentira”, denunciou Kast em um vídeo na rede social X.
Edwards, do Partido Social Cristão, afirmou que “Maduro trouxe miséria e fome” e “deve saber que toda a América Latina defenderá a democracia do bravo povo da Venezuela”.
A Presidência do Senado chileno disse que os eventos são “antidemocráticos” e “denotam a maior seriedade” porque “os senadores chilenos têm todas as condições normalmente exigidas pela República Bolivariana da Venezuela para entrar em seu território”.
Eleição é considerada decisiva
A Venezuela realiza neste domingo (28) uma eleição presidencial decidida, com uma oposição mais unida do que nunca e o olhar atento da comunidade internacional.
O ditador Nicolás Maduro tenta continuar no poder, ao qual aspiram novos candidatos da oposição, entre eles o candidato da principal coalizão antichavista – a Plataforma Unitária Democrática (PUD).
Maduro, no cargo desde 2013, enfrentará Edmundo González Urrutia, um ex-diplomata de 74 anos que se tornou o candidato da oposição depois que a ex-deputada María Corina Machado ficou inelegível e que liderou as pesquisas de acordo com os tradicionais institutos de pesquisa do país.
O chavismo, no entanto, garante que Maduro vencerá, apesar das pesquisas independentes refletirem sobre o cansaço de grande parte da população em meio a uma crise econômica feroz que devastou o país na última década.
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