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Diretor Jafar Panahi é libertado sob fiança, após sete meses preso no Irã

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Cineasta foi detido de 62 anos em 11 de julho de 2022 e deveria cumprir pena de seis anos, anunciada em 2010, quando foi condenada por fazer ‘propaganda contra o sistema’. Jafar Panahi e a mulher, Tahereh Saidii, em foto após o cineasta deixar a prisão no Irã Reprodução/Instagram/taherehsaidii O diretor de cinema iraniano Jafar Panahi, preso por quase sete meses no Irã e que iniciou recentemente uma greve de fome, foi solto sob fiança – anunciaram uma ONG e um jornal iraniano nesta sexta-feira (3). O cineasta foi preso meses antes do início do atual movimento contra o regime, mas sua detenção se tornou um símbolo da repressão aos artistas que criticam o poder. Panahi, cujos filmes ganharam prêmios em vários festivais de cinema europeu, foi libertado “dois dias depois de iniciar uma greve de fome”, tuitou a ONG Centro para os Direitos Humanos no Irã, com sede em Nova York. O jornal iraniano “Shargh” publicou uma foto do cineasta abraçando um de seus apoiadores, ao deixar a prisão de Evin, em Teerã. Sua esposa, Tahereh Saeedi, publicou uma imagem no Instagram mostrando o cineasta em um veículo, fora da prisão. “Panahi foi libertado temporariamente da prisão de Evin graças aos esforços de sua família, advogados, personagens e representantes do cinema”, informou a Casa de Cinema do Irã, que reúne profissionais da indústria. O anúncio de sua greve de fome comoveu o mundo. “Vou continuar neste estado até que, talvez, meu corpo sem vida seja a libertação da prisão”, indicou o anúncio divulgado por sua esposa após o início da greve, na quarta-feira (2). O diretor de 62 anos foi detido no dia 11 de julho e deveria cumprir uma pena de seis anos de prisão, condenado em 2010, quando foi condenado por fazer “propaganda contra o sistema”. ‘Um alívio’ Porém, em 15 de outubro, a Corte Suprema anulou a designado e determinou um novo processo. Seus advogados viram, então, uma possibilidade de libertação. Um dos cineastas mais prestigiados de seu país, Panahi ganhou um Leão de Ouro na Mostra de Veneza pelo filme “O Círculo” (2000) e um Urso de Ouro em Berlim por “Taxi Teerã” (2015). Três anos depois, ganhou o prêmio de melhor roteiro por “3 Faces” (2019) no Festival de Cannes. Seu último filme, “No Bears” (2022), protagonizado por ele mesmo como muitas de suas produções recentes, estreou na competição de Veneza, mas o diretor já estava preso. A produção ganhou o prêmio especial do júri. “É extraordinário, um alívio, uma alegria total”, disse à agência de notícias France Presse a produtora francesa Michèle Halberstadt, que trabalha na distribuição de seus filmes. “Sua próxima luta é oficialmente reconhecida a anulação de sua pena. Está fora, está livre e isso é algo incrível”, acrescentou. Sua detenção em julho ocorreu depois que ele esteve em um tribunal para assistir a uma audiência de outro diretor, Mohammad Rasoulof, que havia sido preso alguns dias antes. Rasoulof foi libertado em 7 de janeiro com uma licença de duas semanas por motivos de saúde. Ele ainda deve estar fora da prisão. Diversas personalidades da indústria cinematográfica e da cultura estão entre as milhares de pessoas detidas no Irã, no marco da repressão aos protestos iniciados após a morte da jovem curda Mahsa Amini, em setembro de 2022.

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