A Corte Suprema de Justiça da Argentina, mais alta instância do Poder Judicial do país, decidiu de forma unânime nesta segunda-feira (19) que Cristina Kirchner e seu filho, Máximo Kirchner, deverão enfrentar julgamento pelas acusações de corrupção nos casos Hotesur e Los Molhos.
Tanto Cristina quanto o filho, que atualmente é deputado federal por Buenos Aires, são acusados nesses casos de lavagem de dinheiro envolvendo empresas familiares usadas, segundo a Justiça, como “fachadas” para operações ilícitas. O tribunal rejeitou os recursos apresentados pela defesa do ex-presidente e seu filho, que buscaram evitar o julgamento, confirmando a decisão proferida anteriormente pela Câmara de Cassação Federal, que tentou a reabertura dos casos e o julgamento dos envolvidos em setembro de 2023.
Os casos de envolvimento de denúncias graves de irregularidades financeiras relacionadas às empresas Hotesur, responsável pela gestão de hotéis, e Los Sauces, uma imobiliária, que, segundo promotores, foram utilizadas por Kirchner para lavagem ativa obtida ilegalmente por meio de contratos públicos.
Segundo a Justiça, essas empresas “nunca tiveram atividade comercial genuína”, mas foram usadas para encobrir o retorno de dinheiro obtido por Lázaro Báez, um empresário que era próximo a Kirchner, e que foi condenado por estar envolvido em contratos de obras públicas superfaturadas.
A decisão da Suprema Corte, assinada pelos ministros Horacio Rosatti, Carlos Rosenkrantz, Juan Carlos Maqueda e Ricardo Lorenzetti, considera que a defesa de Kirchner não apresentou argumentos válidos para interrupção do processo.
Segundo o jornal Clarína decisão cita que “a defesa não conseguiu demonstrar um agravo atual, concreto e real, diferente do mero fato de estar registrado ao processo penal dos aqui recorrentes”. Além disso, o Supremo reforçou que o caso não se tratava de uma “sentença definitiva” e que os argumentos apresentados não atendiam aos requisitos processuais para um recurso nessa instância.
Em 2023, a Câmara de Cassação Federal confirmou que todos os envolvidos no caso deveriam ser julgados, excluindo apenas Florencia Kirchner, filha de Cristina.
O julgamento deste caso será conduzido agora pelo Tribunal Oral Federal 5 (TOF 5), que conta com os novos juízes após a exclusão dos magistrados que anteriormente foram informados de Kirchner neste caso sem julgamento. Segundo o Claríno promotor federal Diego Velasco será responsável pela acusação, representando o Ministério Público.
A defesa de Cristina Kirchner criticou a decisão, alegando que o julgamento exigirá “vários anos de tramitação, com um desgaste jurisdicional significativo”. A decisão ocorre em um momento delicado para Kirchner, que já enfrentou outros casos na Justiça e inclusive uma reportagem relacionada a desvios de recursos em obras públicas.
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