O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou nesta terça-feira (19) que as eleições presidenciais na Venezuela foram realizadas de forma equivocada e criticou o regime de Nicolás Maduro por um “manejo obscuro” dos resultados, que deixou dúvidas sobre a transparência do processo.
Em entrevista à GloboNewsdurante a Cúpula do G20, Petro destacou que o bloco de países que tentava pressionar Maduro para divulgar as atas eleitorais, formadas pela Colômbia, Brasil e México, não tem mais condições de atuar em conjunto. Segundo ele, as eleições venezuelanas não permitiram um “voto livre” e reafirmaram a fragilidade democrática no país subjugado por Maduro.
“Creio que uma frente comum sobre a Venezuela, seja qual for a política, já não vai existir. Creio que foi um erro nas eleições, olhando em retrospectiva; eu fui a favor de que fossem realizadas. Mas não há voto livre”, disse . “Críticas às eleições pelo comportamento obscuro do governo venezuelano, que não gerou clareza sobre o que afirma. Eles [a oposição] dizem que venceram, mas o governo deixou esse mapa nebuloso ao não mostrar as atas”, declarou Petro, referindo-se ao fato de que o Conselho Nacional Eleitoral proclamou Maduro como vencedor sem apresentar os resultados detalhados.
A oposição, representada pela Plataforma Unitária Democrática, publicou 83,5% das atas eleitorais em um site independente, garantindo que seu candidato, Edmundo González Urrutia, fosse o verdadeiro vencedor. González, no entanto, está no exílio na Espanha desde setembro, em meio a uma repressão crescente contra líderes opositores.
Petro admite dificuldades na pressão de Maduro
Petro reconheceu que as mudanças drásticas exigidas no regime de Maduro são “irrealistas” neste momento. Ele defendeu que o povo venezuelano precisa encontrar uma forma de proteger o país de influências que considera nocivas, sem mencionar diretamente quais seriam essas forças.
“Eu acredito que um momento virá em que a Venezuela saberá como cegar seu país de agentes contratados para a sociedade”, afirmou.
O líder colombiano também destacou que o México, agora sob o comando de Claudia Sheinbaum, abandonou a pressão por mudanças no regime venezuelano. A sucessora de Andrés Manuel López Obrador compartilha a visão de que a crise eleitoral é um “assunto interno” da Venezuela.
A Petro também manifestou preocupação com a “influência internacional” sobre a Venezuela, apontando que os vastos recursos petrolíferos do país atraem interesses externos que, segundo ele, complicam ainda mais a situação política.
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