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Como os chinelos com meia saíram de casa e tomaram as ruas nos pés da geração Z?

Como os chinelos com meia saíram de casa e tomaram as ruas nos pés da geração Z?

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Item antigo retorna no figurino dos novinhos que buscam conforto e aparece nos pés de famosos como Marcos Mion e Justin Bieber. Estilista explica por que visual vai ser cada vez mais visto. Chinelos com meia saem de casa e tomam as ruas aqueles sapatos de borracha com uma tira mais grossa que atravessa o pé, os slides ou sliders, usados ​​com meias, não chegam a ser novidade na vida das pessoas. Dupla polêmica, até uns anos atrás, não saía de casa e não entrava na criação de looks. Não entravam, no passado. O cenário tem mudado e o duo temdo ganha as ruas nos pés da geração Z, que apostam no conforto acima de tudo. “O chinelo com meia é a história de ‘amam ou odeiam’, sem meio termo. O próprio slider já despertava esse sentimento”, diz a estilista Drica Cruz. “Eu vejo como uma tendência de comportamento da geração Z, de posicionamento, e rebote da pandemia.” Nesta semana, o g1 publica uma série de reportagens para explicar os novos hábitos e modinhas da geração z: dos chinelos com meias e iPods às sobrancelhas descoloridas e festas mais cautelosas. Rihanna e suas coleções de chinelos para a Puma Reprodução/Instagram A profissional conversou com o g1 para explicar por que podemos ver mais do conjunto chinelo-com-meia nas ruas. Pandemia Geração Z Dos vestiários para as celebridades Pandemia Para Drica, os sapatos com meias, assim como a moda dos moletons, são um rebote ainda da pandemia. “O que aconteceu é que as roupas confortáveis, de ficar em casa, foram para as ruas”, diz. “As grandes redes de departamento continuaram a moda para isso: shapes largos, confortáveis, nada que prenda as pessoas ou marque muito o corpo.” Marcos Mion, Nicole Prazeres e Ully Correa com chinelos e meia Reprodução/Instagram Os sapatos com meias entrelaçados no balaio. “Sempre foi um combo polêmico, de usar em casa. Mas com a pandemia, passou a ser um item de moda mesmo, porque era o que a gente vestia”, diz Anderson Moraes, vitrinista e visual merchandiser, que trabalha com moda há 16 anos. “Foi desmistificando e depois da pandemia, as pessoas passaram a ter um olhar mais aberto, e que a gente poderia sim sair com o chinelo para ficar mais confortável e ter um look legal”, diz. “Ele vem para a rua com mais força e, claro, recebe uma releitura das marcas, ele vem mais robusto, com solados maiores. Deixa de ser o slidezinho e vem com uma proposta mais robusta.” Geração Z Uma composição controversa, no entanto, não deve agradar todo mundo, segundo Drica. “É uma tendência sim bem marcante da geração Z. Dificilmente deve ser aderida pela turma dos millennials, dos 40 ou 50 anos”, diz. O jogador argentino Paulo Dybala também é adepto dos chinelos com meia Reprodução/Instagram “É um pouco de mostrar ‘não estou nem aí e quero mostrar que não estou nem aí’. É muito mais ligado ao comportamento, a um posicionamento de uma geração”, opina Drica. Moraes já acredita que a tendência tem potencial para quebrar a barreira da geração e dos fashionistas. “Num futuro bem próximo, vai acabar sendo normalizado”, previsões Moares. Anderson Moraes, visual merchandiser, de chinelos e meia Reprodução/Instagram “É uma ruptura que está transitória, eu vejo uma galera mais descolada usando, mas já tem mais pessoas consumindo como item de moda e composição de look. Logo vai atingir a massa porque vai estar no TikTok e no Instagram.” Dos vestiários para as celebridades Este estilo de chinelo ganhou mercado lá nos anos 1970, quando jogadores de futebol da Alemanha pediram para Adi Dassler, o fundador da Adidas, um calçado prático para usarem nos vestiários. Foram apresentados os Adilettes, o mais tradicional, preto ou azul, com listras brancas. Os Adilettes, sapatos criados para a seleção alemã, em 1970, na versão de 2023 Reprodução/Adidas Outras marcas esportivas também apostaram no modelo, que se tornaram item para ficar em casa, ir à piscina, à praia, ou para ser usado pelos pais de gostoso. A pegada normcore, aquela tendência que privilegiava peças casuais em looks não fashionistas, do início da década de 2010, abriu uma brecha para os sliders entrarem em cena (e saírem de casa), em muitos casos, com as meias. O movimento foi acentuado, ainda naqueles anos, com a tendência dos “sapatos feios”. Justin Bieber, adepto ao visual com sapatos e meia Reprodução/Instagram Marcas de luxo como Celine, Balenciaga, Gucci, Ferragamo, Louis Vuitton, Prada, entre muitas outras, também apostaram nas suas versões de sliders, assim como as celebridades, a exemplo de Justin Bieber, adotaram o estilo. Mas foi no ano da pandemia que o combo pegou. Um artigo do jornal britânico “The Guardian” destacou que no verão aquele ano (inverno por aqui), os chinelos com meias se tornaram uma combinação para apostar. Um exemplo disso, diz o artigo, foi uma foto postada pela ex-spice girl Victoria Beckham, em que seu marido, David Beckham, usava um slider preto com meias brancas. Na ocasião, o termo “meias e sandálias” (meias e sandálias, na tradução em português) cresceu 23,4% em buscas na internet no Reino Unido. Foto postada em 2020 por Victoria Beckham fez aumentar a procura pelo termo ‘meias e sandálias’ na internet no Reino Unido Reprodução/Instagram Drica explica que não tem lá muitos segredos para apostar na composição. “É democrático, né? Vai depender muito se a pessoa quer chamar mais ou menos atenção”, diz Drica. “Dá para apostar no mix de estampas e cores. As meninas podem usar com vestido e meião.” Vale lembrar que são composições mais despojadas, usadas com bermudas, moletons, shorts, jeans e leggings, para visuais que vão do esportista às tardes de verão. “É muito da leitura da pessoa sobre o ambiente que vai. Se tem uma festa de tarde, é um lugar mais neutro, pode ser legal”, contextualiza Moraes. “É democrático, agênero e confortável, o meio do caminho de tudo”, resume Drica. Foto da campanha da Lacoste de chinelos com meia para Reprodução jovens/Instagram

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