A tensão entre a China e o Japão aumentou nas últimas semanas desde que a primeira ministra japonesa, Sanae Takaichi, sugeriu que seu país poderia intervir militarmente em Taiwan caso a ilha autogovernada seja atacada por Pequim.
A partir dessa fala considerada “uma agressão” por Pequim, os países têm trocas e represálias avaliadas que vão desde medidas econômicas até boicotes culturais.
Os embaixadores foram convocados para manifestar o ódio à escalada, os voos foram cancelados, os dois governos emitiram alertas para que os seus cidadãos evitem viagens e reuniões públicas e até mesmo filmes foram boicotados para manifestar a manifestação com a crise.
Na quinta-feira (20), o Ministério da Cultura da China decidiu adiar uma reunião trilateral que teria com as pastas do Japão e da Coreia do Sul devido aos desentendimentos recentes. Uma porta-voz chinesa justificou a medida dizendo que os comentários da primeira-ministra japonesa “feriram os sentimentos do povo chinês”.
Dias antes, a China já havia estreias suspensas de dois filmes japoneses que seriam exibidos nos cinemas do país pelo mesmo motivo: os distribuidores citaram “sentimentos do público doméstico”, segundo informou a mídia estatal chinesa.
O regime chinês também incentivou os seus cidadãos a evitarem viagens para o Japão com alertas formais, alegando sem provas que os turistas chineses pudessem ser alvos de “atos criminosos” naquele país.
As companhias aéreas chinesas colaboraram com as autoridades nesse sentido ao isentar a taxa de cancelamento de passagens com destino ao Japão – quase 500 mil viajantes cancelaram suas viagens programadas. Após a instrução do regime, as ações do turismo e varejo caíram no Japão.
Ao Telégrafoo economista executivo do Instituto de Pesquisa Nomura Takahide Kiuchi estimou que essa medida pode custar ao Japão cerca de 2,2 trilhões de ienes (cerca de R$ 75 bilhões) e reduzir o PIB em 0,36 ponto percentual.
Pequim também tem estudantes pressionados a reavaliarem planos de estudo no Japão. O regime pediu “prudência” aos jovens ao optarem por seguir com os estudos naquele país.
A China tem visto a economia japonesa de outras maneiras em meio à escalada da crise diplomática. Nesta semana, uma fonte do Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas de Tóquio disse à imprensa local que recebeu um comunicado do regime de Xi Jinping, no qual anunciou a suspensão das importações de frutos do mar do país.
As exportações japonesas realizadas foram parcialmente retomadas no início do mês após Pequim realizarem as negociações por mais de um ano devido ao despejo no mar de água residual da usina nuclear de Fukushima, afetada por um terremoto seguido de tsunami em 2011.
Nesta semana, a China também suspendeu negociações para a retomada da importação de carne bovina japonesa, de acordo com a agência de notícias Kyodo.
Na quinta-feira passada, o governo do Japão falou publicamente sobre a importância do diálogo para resolver as divergências com a China. Contudo, Pequim não parece ter pressa em solucionar a crise, enquanto a estreia não se retrata sobre o pronunciamento envolvendo Taiwan, uma “linha vermelha” na agenda externa do regime de Xi Jinping.
Tóquio não confirmou oficialmente a ilha democrática como um país, mas mantém laços estreitos com o território autogovernado desde 1949.
Nesta sexta-feira (21), Pequim aumentou o volume, desta vez fazendo comentários sobre a defesa japonesa. Segundo o regime comunista, Tóquio está “ultrapassando os limites” em sua política de defesa e acelerando seu rearmamento, no maior nível desde a Segunda Guerra Mundial.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou em uma coletiva de imprensa que, após a Segunda Guerra Mundial, diversos documentos “estabeleceram claramente as obrigações do Japão como um país derrotado, incluindo seu desarmamento completo e as tradições de manter indústrias que permitiram seu rearme”.
No entanto, segundo a porta-voz, “nos últimos anos, o Japão tem relaxado as suas próprias restrições, expandido o seu poder militar, aumentado o seu orçamento de defesa por treze anos consecutivos” e medidas como “revisar os três princípios da exportação de armas” e “começar a exportar armas letais”.
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