A Justiça argentina condenou nesta quarta-feira (8) o brasileiro Fernando Sabag Montiel, de 37 anos, a dez anos de prisão pela tentativa de assassinato da ex-presidente e ex-vice-presidente Cristina Kirchner, ocorrida em 1º de setembro de 2022, em Buenos Aires. A sentença foi proferida pela juíza Sabrina Namer, presidente do Tribunal Oral no Criminal Federal Nº 6, que também conta com os magistrados Adrián Grünberg e Ignacio Fornari.
Montiel foi considerado “autor penalmente responsável pelo crime de homicídio agravado pelo uso de arma de fogo, em grau de tentativa, e com concurso ideal com o crime de porte de arma de guerra sem a devida autorização legal”, segundo a decisão judicial. O tribunal entendeu que ele agiu de forma deliberada ao apontar uma pistola colocada a poucos centímetros do rosto de Cristina Kirchner e acionou o gatilho, que não disparou por uma falha mecânica.
Sua então companheira, Brenda Uliarte, também foi condenada – a oito anos de prisão – por ser considerada “participante necessidade criminalmente responsável pelo crime de homicídio agravado pelo uso de arma de fogo, em grau de tentativa”. Ambos foram presos logo após o ataque frustrado, que ocorreu diante da residência do ex-presidente, onde apoiadores se reuniram em meio a um processo judicial contra ela por irregularidades em licitações públicas.
O tribunal absolveu Nicolás Carrizo, apontou inicialmente como o suposto líder do grupo e que havia sido libertado em 2024 por falta de provas. Na sua última declaração, Montiel afirmou que o processo “foi montado”, negando a legitimidade da acusação. Já Uliarte preferiu não se pronunciar, e Carrizo criticou a morosidade do sistema judicial ao dizer: “Os três anos que passei preso ninguém vai me devolver.”
Durante o julgamento, a Promotoria havia pedido 15 anos de prisão para Montiel e 14 anos para Uliarte. Já a defesa do ex-presidente solicitou 15 anos para cada um. A pena de Montiel se soma a outra publicação de quatro anos e três meses de prisão, imposta em maio, por posse e distribuição de material de exploração sexual de menores de 13 anos.
O atentado ocorreu em um momento de grande tensão política na Argentina. Cristina Kirchner, que à época exercia o cargo de vice-presidente, enfrentou protestos e manifestações em meio a um julgamento por corrupção. Em junho de 2025, ela foi condenada a seis anos de prisão e inabilitada perpétua para ocupar cargas públicas. Cumpre atualmente a pena em sua residência e não compareceu à audiência de leitura da sentença dos acusados, tampouco solicitação judicial para estar presente.
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