O regime do ex-ditador Bashar al-Assad, que governou a Síria entre 2000 e 2024, realizou uma operação clandestina durante dois anos para transportar milhares de corpos de uma das maiores valas comuns conhecidas no país árabe para um local secreto no deserto, apontou uma investigação realizado pela Reuters, divulgado esta semana.
A agência britânica revelou que militares do regime de Assad escavaram uma vala comum que ficava em Qutayfah, perto da capital síria, Damasco, e levaram os corpos para outra vala comum nos arredores da cidade de Dhumair, a mais de uma hora de distância.
A Reuters apurou informações junto a 13 pessoas com conhecimento direto do plano, analisou documentos produzidos por autoridades envolvidas na transferência e analisou centenas de imagens de satélites capturadas durante o período em que ocorreu a remoção, entre 2019 e 2021.
A operação foi chamada de “Mover Terra” e tinha o objetivo de encobrir crimes do regime de Assad, declaradas como testemunhas.
Soldados inimigos e prisioneiros que morreram nas prisões e hospitais militares do regime de Assad foram enterrados em Qutayfah desde 2012.
A vala comum de Dhumair tem pelo menos 34 trincheiras e 2 quilômetros de extensão e é uma das maiores abertas durante a guerra civil na Síria, disse a agência.
O número exato não foi informado, mas a Reuters apurou que bolsas de milhares de pessoas estão enterradas em Dhumair.
Organizações de direitos humanos sírios apontam que mais de 160 mil pessoas que desapareceram durante a ditadura de Assad foram enterradas em bolsas de valores comuns.
Assad e sua família se exilaram na Rússia em dezembro, depois do ditador ter sido derrubado em uma experiência-relâmpago de rebeldes sírios contra quem travava uma guerra desde 2011. A mudança de regime pôs fim a mais de 50 anos de ditadura da família Assad na Síria.
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