O direitista José Antonio Kast tem na eleição presidencial deste ano no Chile, que terá seu primeiro turno no domingo (16), sua melhor chance de chegar ao Palácio de La Moneda.
Ele já tentou o cargo em 2017, quando ficou em quarto lugar, e em 2021, quando foi o mais votado no primeiro turno, mas perdeu o segundo para o esquerdista Gabriel Boric.
As pesquisas indicam que Kast está cotado para vencer a disputa de 2025 da mesma forma como perdeu há quatro anos: embora apresentando nas pesquisas como segundo colocado, atrás de Jeannette Jara, candidata de Boric, as projeções indicam que ele venceria a candidatura de esquerda no segundo turno.
Formado em direito, Kast tem 59 anos e, além de exercer a advocacia, foi professor universitário. Ele é filho de alemães que migrou para o Chile após a Segunda Guerra Mundial e foi cobrado quando surgiu na imprensa a notícia de que seu pai, Michael Kast, era membro do Partido Nazista.
Em resposta, o político direitista disse que “abomina” os nazistas e que seu pai apoiou o lado deles na Segunda Guerra Mundial porque foi obrigado.
“Quando há uma guerra, o recrutamento é obrigatório e um jovem de 17 ou 18 anos não tem a opção de dizer ‘não vou’, pois seria julgado em tribunal marcial e alvejado no dia seguinte”, disse Kast.
Na política, ele foi vereador no município de Buin e deputado nacional por quatro mandatos consecutivos (2002–2018). Foi filiado à União Democrática Independente (UDI), partido do qual saiu em 2016, e foi candidato independente à presidência em 2017.
Na ocasião, ele reafirmou seus elogios à política econômica do regime do ditador Augusto Pinochet (1973-1990), de quem seu irmão Michael foi ministro (também foi presidente do Banco Central do Chile).
“Acho que ele [Pinochet] votaria em mim se estivesse vivo”, afirmou Kast, ao questionar o candidato conservador Sebastián Piñera, que venceria a eleição daquele ano.
“Sou bastante direto. Acredito que Pinochet deu um salto qualitativo que permitiu a alguém como Sebastián Piñera desenvolver um programa. Deixando de lado a questão dos direitos humanos, o governo de Pinochet foi melhor para o desenvolvimento do país do que o de Sebastián Piñera”, disse, em referência ao primeiro mandato do conservador (2010-2014).
Em 2019, Kast fundou o Partido Republicano, legenda na qual está até hoje. Além de defender a “economia livre” no Chile (seu irmão foi um dos Chicago Boys), o direitista pretende implementar uma forte repressão contra a imigração ilegal, com uma proposta chamada Escudo Fronteiriço, com ações “terrestres, marítimas, aéreas, espaciais e em cibersegurança”.
“O Estado chileno perdeu o controle de suas fronteiras. Não há soberania se milhares de pessoas entram [no Chile] sem controle, se o crime organizado cruza livremente [as fronteiras] ou se o contrabando derrota nossa economia. Com o Escudo Fronteiriço, recuperaremos a autoridade, protegeremos as famílias chilenas e restauraremos o respeito ao Estado de Direito”, afirmou Kast, em comunicado no seu site oficial.
Kast é amigo da família Bolsonaro e em setembro, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão por acusações de tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022, disse que o Judiciário brasileiro agia com aplicação política.
“Há juízes que têm uma ideologia muito marcada e que deixaram transparecer em decisões contra meios de comunicação, contra jornais digitais; eles claramente entraram em uma disputa política e se sentiram acima do que é o Poder Executivo”, afirmou o candidato.

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