♫ NOTÍCIA ♪ Álbum gravado em 1978 e lançado em 1979, Senhora da terra é um dos títulos menos conhecidos da discografia de Elza Soares (22 de julho de 1930 – 20 de janeiro de 2022), cantora carioca que saiu de cena há quase três anos . Embora tenha ganhado edição digital em julho de 2020, para festejar os 90 anos da artista, Senhora da terra permanece quase obscuro. Talvez o disco – o primeiro dos dois álbuns feitos por Elza na gravadora CBS no período de baixa visibilidade na mídia e no mercado fonográfico – ganhe alguma luz com a reedição em LP que será anunciada amanhã, 10 de dezembro. Trata-se da primeira reedição no formato de LP desde o lançamento do álbum há 45 anos. Com vinil vermelho, em sintonia com a arte da capa, o álbum Senhora da terra volta ao mundo físico em edição do Noize Record Club. Nunca editado no formato de CD, Senhora da terra alinha 12 músicas no repertório quase inéditas na época do lançamento. Aberto com o samba Põe pimenta (Beto Sem Braço e Jorginho Saberás), o álbum Senhora da terra flagra Elza Soares no auge da forma vocal, como mostrar os bebops com que a cantora acelera a batida de Coração vadio (Edil Pacheco e Paulinho Diniz) . Única parceria de Ivone Lara (1922 – 2018) com Mauro Duarte (1930 – 1989), o dolente O morro é pérola rara de repertório em que Elza exalta o samba em Alegria do povo (Ari do Cavaco e Luiz Luz). Samba-enredo com que a Unidos dos Passos, escola de samba de Juiz de Fora (MG), desfilara no carnaval de 1977, Exaltação ao Rio São Francisco (Waltinho, Zezé do Pandeiro e João Leonel) é uma das duas regravações do repertório desse disco em que Elza entrou na cadência do ijexá para recriar Afoxé (Heraldo Farias e João Belém) – samba-enredo descritivo das origens da dança baiana, com o qual a escola de samba Acadêmicos do Cubango se sagrara campeã no Carnaval da cidade de Niterói (RJ) naquele ano de 1979 – e apresentou Paródia do compositor (Wilson Moreira e Nei Lopes). Com muitos sambas alusivos ao Carnaval, caso de Maria Pequena (Guaracy de Castro e Roberto Nepomuceno), perfil da porta-estandarte homônima da música, o álbum Senhora da terra inclui Abertura, samba de autoria de Elza, compositora bissexta. Com versos como “Abre a porta, abra o peito, abertura / Linha fraca, linha forte, linha dura”, o samba aludia no título aludia à abertura política “lenta, gradual e segura” que traria de volta ao Brasil, naquele ano de 1979, os exilados pelo regime militar instaurado em 1964 e suportado em 1968. No fim do disco, o samba Barraquinho reconectou Elza Soares com João Roberto Kelly, compositor de Barraquinho e do antigo Boato (1961), um dos primeiros sucessos da cantora. Na gravação de Barraquinho, uma intérprete imita a cantora Isaura Garcia (1923 – 1993) com a bossa negra que sempre diferenciou Elza Soares no panteão das grandes e imortais cantoras do Brasil.
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