
O regime de Vladimir Putin encontrou uma nova forma de expandir a vigilância e controle sobre a liberdade de expressão na Rússia em meio a um crescente isolamento diplomático: o lançamento de um novo aplicativo de mensagens, o MAX, que rapidamente ultrapassou 50 milhões de usuários nesta semana, segundo relatório da própria plataforma.
O novo sistema de mensagens russo é comparado à rede social chinesa WeChat e à americana WhatsApp. O ditador Putin planejou o desenvolvimento de um aplicativo nacional que integrasse vários serviços, incluindo os do regime, e que funcionasse até mesmo como documento de identidade, aumentaria a “segurança” digital.
Apesar de ser uma propaganda do Kremlin, a plataforma MAX é vista pelos analistas como uma nova maneira de controle sobre os canais de comunicação e como uma ferramenta de censura aos cidadãos, visto que nos últimos anos Putin boicotou empresas de tecnologia ocidentais na Rússia com a criação de suas próprias redes sociais. Um dos exemplos é a plataforma Rutube, versão russa do YouTube, que não chegou nem perto do sucesso do original.
O interesse de Putin em propagar o novo aplicativo é grande. Tanto é que outdoors, escolas, influenciadores e celebridades promovem a rede social em troca de benefícios financeiros. No mercado russo, os novos celulares já são vendidos com o aplicativo instalado.
O New York Times relatou que uma cidade a sudeste de Moscou chegou a fazer um apelo para que os cidadãos usem o MAX em seus alto-falantes destinados a alertar sobre emergências.
Apesar de inicialmente tentar convencer os russos a usarem a plataforma nacional, o regime de Putin usa planos mais ameaçadores para que isso aconteça. Desde agosto, chamadas de voz e vídeo pelo Whatsapp e até mesmo pelo Telegram, que é de origem russa, foram bloqueadas para evitar que o regime considerasse “fraudes” ou “golpes”. Em contrapartida, as ligações pelo MAX não sofreram interferência.
Ligado a isso, tem-se a proibição do Facebook, cujo equivalente russo é o VK, e do Instagram. Além disso, o Kremlin impediu a velocidade de carregamento de vídeos do Youtube para tentar tirar os cidadãos russos da plataforma.
Especialistas realizaram um termo para se referir a esse tipo de medida: “internet soberana”, que visa criar um ambiente digital controlado e livre de influências consideradas ameaçadoras para governos autoritários.
Philipp Dietrich, especialista em assuntos digitais do Conselho Alemão de Relações Exteriores, disse em entrevista ao New York Times que um sistema de internet livre, onde todos podem fazer o que quiserem, simplesmente não funciona para um sistema autoritário. “Então, o que fazem é direcionar os usuários para sistemas nacionais onde há fácil controle”, explicou.
O novo sistema de mensagens russo MAX é bem parecido com o WeChat chinês, conhecido pelo controle estritamente estatal. No país asiático, as autoridades fornecem bloquear conteúdos que podem ser arriscados por meio do “Grande Firewall”, um sistema de censura digital com capacidade de impedir o acesso a sites estrangeiros de dentro do gigante asiático.
A desenvolvedora do “Facebook russo”, a VK, controlada pelo Estado e por um aliado de Putin – o filho do primeiro vice-chefe de seu gabinete, Sergei V. Kiriyenko – foi escolhida para criar uma “necessidade” nos russos para usar o MAX.
No lançamento do aplicativo, Moscou destacou sua capacidade de acesso a serviços governamentais, marcar consultas médicas, organizar tarefas escolares e conversar com autoridades locais. O sistema também oferece uma identidade digital que pode ser usada em substituição à identidade física.
Para usar o Max, no entanto, é necessário que os usuários adquiram um chip russo ou bielorrusso – foram excluídos de outros países.
Uma nova plataforma foi gerada na Rússia, especialmente em relação à vigilância. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, respondeu a essa preocupação no mês passado em entrevista à agência Tass, dizendo que as autoridades russas já podem monitorar as comunicações em todos os serviços, estrangeiros ou nacionais.











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