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Vídeo mostra traficantes montando barracas no novo ‘fluxo’ da Cracolândia, na Santa Cecília

Na tarde de quinta-feira (19) a Polícia Civil prendeu 11 pessoas suspeitas de tráfico de drogas durante operação na região da Rua Doutor Frederico Steidel. Imagens mostram como surge uma cracolândia em São Paulo
Um vídeo registrado por câmeras de segurança mostra dependentes químicos e traficantes montando barracas do “fluxo” da Cracolândia, que migrou para a Rua Frederico Steidel, na Santa Cecília, no Centro de São Paulo, na noite de segunda-feira (16).
Pelas imagens é possível ver o momento em que um homem chega ao local com uma mesa e uma cadeira de madeira e começa a arrumar pacotes de cor branca. Em seguida, outras pessoas chegam e se acomodam. Em menos de uma hora, dezenas de usuários ocupam a rua.
Moradores da região relataram ter ficado “reféns” da Cracolândia. “Tiramos os colchões da cama e trouxemos para a sala, as janelas foram fechadas com chave para tentar impedir o barulho, estocamos lixo em casa porque foi impossível descartar”, afirmou um deles, que pediu para não ser identificado.
“Eles já entraram gritando ‘aqui é a nova Cracolândia, aqui é nosso’ e foram se instalando, se espalhando, colocando colchões, grades e barracas e já entraram, isso foi na segunda-feira à noite”, afirmou.
O morador contou que a vizinhança tentou contato com a polícia para conter o “fluxo”. “Quando você liga, eles falam que não podem fazer absolutamente nada. Nesta madrugada, chegaram quatro viaturas lá. Assim que eles viram que eram dependentes da Cracolândia, as viaturas voltaram de ré e saíram.”
Na tarde de quinta-feira (19), a Polícia Civil de São Paulo prendeu 11 pessoas suspeitas de tráfico de drogas durante uma operação na região da Rua Doutor Frederico Steidel. Ainda de acordo com os policiais, dois menores suspeitos também foram apreendidos.
Após a operação, o “fluxo” voltou para a Rua Helvétia, próximo à Praça Júlio Prestes, que por anos foi o principal local de concentração de usuários. As autoridades informaram que irão continuar com as operações, com a tática de dispersar usuários e prender traficantes.
Moradores protestam
Moradores de bairros como Santa Cecília, Campos Elíseos e Barra Funda, no Centro e na Zona Oeste de São Paulo, fizeram mais um protesto na noite desta quinta-feira (19) no Minhocão contra as constantes mudanças do chamado “fluxo” de dependentes químicos da Cracolândia.
Moradores do Centro fazem novo ato contra migrações da Cracolândia na região
Desde quando foram retirados da Praça Princesa Isabel pela polícia, na semana passada, os usuários de droga já ocuparam diferentes endereços, principalmente a Praça Marechal Deodoro, a Rua Helvétia, entre a Rua Barão de Campinas e a Avenida São João, e, agora, na esquina da Avenida São João com a Rua Frederico Steidel.
Essas constantes mudanças da Cracolândia tem tirado a paz dos moradores desses locais, que reclamam da falta de segurança e a sujeira causada pelo fluxo na porta de suas casas.
Após dispersão da Cracolândia, usuários de drogas voltam a se concentrar em rua do bairro Santa Cecília
A migração do fluxo também tem afetado o funcionamento do comércio e das empresas que ficam nesses endereços. A estoquista Nicole Fernandes é uma das afetadas pelo problema.
“Eles chegaram e na segunda foi isso, já na terça não conseguimos entrar [na empresa] Ficou uma coisa com medo, se eles fossem fazer alguma coisa, entrar nas lojas”, disse ela.
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Sujeira, cheiro ruim e solução definitiva
Além da insegurança, quem mora no Centro também tem que conviver com o lixo deixado pelos dependentes químicos quando eles mudam de lugar. Mesmo que a prefeitura faça a limpeza do lixo, retirando bastante entulho desses locais, o mau cheiro no local permanece.
“Esse cheiro fica insuportável. mesmo quando a gente joga agua, fica um cheiro insuportável. Precisava ser feito uma bela lavagem, com produto, né? Porque é muita sujeira. eles fazem as necessidades deles na calçada… fica complicado”, disse o assistente de serviços gerais, Fernando dos Santos, morador da rua Helvétia.
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A Anatiana Alves Rosa mora em um prédio nessa rua e explica como a presença do fluxo na porta de casa mudou a rotina de todo mundo.
“A gente fechou uma via do elevado pra chamar atenção do poder publico e sociedade civil do que vivemos aqui que é um caos. A vida das pessoas mudou completamente a rotina, os comerciantes não podem trabalhar, fecharam seus comércios, estão tomando prejuízo”, declarou a moça.
Ela não quer simplesmente empurrar o problema para outra vizinhança. O que a Anatiana e outros moradores pedem é a solução definitiva do problema.
“O que a gente não quer pra gente a gente não quer pros outros. Não adianta sair da nossa rua e ir pra outra rua que as pessoas vão passar o que a gente tá passando. Porque a gente sabe o quanto é ruim. E também essas pessoas precisam de tratamento, não precisam de mais violência, força policial porque é uma questão de saúde publica”, declarou.
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