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Reunião com Bolsonaro no Planalto é irregular por si só, e atos posteriores desmentem Ramagem, diz PF

Reunião com Bolsonaro no Planalto é irregular por si só, e atos posteriores desmentem Ramagem, diz PF

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Alexandre Ramagem, escolhido novo diretor-geral da PF, cumprimenta Bolsonaro em foto de julho de 2019 Adriano Machado/Reuters Investigadores da Polícia Federal avaliam que a sequência de atos posteriores à reunião gravada no Palácio do Planalto desmente a defesa do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem – de que nada ilegal foi tratado no encontro. A reunião ocorreu no dia 25 de agosto de 2020. Nesta segunda-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou o sigilo da gravação, encontrado em um aparelho eletrônico de Ramagem (veja detalhes abaixo). Além de Bolsonaro e do então diretor da Abin, estavam na sala o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e duas advogadas do senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente. Segundo a PF, logo após essa reunião em que foram discutidas as investigações da Receita contra Flávio Bolsonaro por suposta “rachadinha”, agentes da Abin passaram a espionar a vida de auditores da Receita em busca de “poderes” desses servidores. “Eles surgiram usando a estrutura do Estado para benefício próprio”, diz um investigador ouvido pelo blog. Segundo ele, essa atuação da Abin já foi identificada pela PF e desmente a tese da defesa de Ramagem e das advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach. Após a divulgação do áudio nesta segunda, os participantes ressaltam o trecho em que Bolsonaro diz que não agiria para beneficiar ninguém. Moraes levanta sigilo de áudio de reunião com Jair Bolsonaro encontrado em computador de Ramagem Reunião em si já é 'escândalo' A Polícia Federal avalia, aliás, que o “simples fato” de Bolsonaro se reunir à chefia da Abin, do GSI e as advogadas de seu filho para discutir o caso já é um “escândalo”. Na visão dos investigadores, um presidente da República não pode usar as dependências públicas (o Palácio do Planalto) para tratar de questões de interesse pessoal do filho – e nem convocar a Abin e a GSI para montar estratégia de defesa dele. Ramagem diz que gravação teve aval de Bolsonaro O que o áudio revela O áudio da conversa entre Bolsonaro, Alexandre Ramagem, general Heleno e duas advogadas do senador Flavio Bolsonaro mostra um presidente da República, durante seu expediente, discutindo com as advogadas formas de assistência- las a anular as investigações da Receita Federal sobre rachadinha. Em trechos da conversa, Bolsonaro dá autorização para que elas procurem assessores indicados pelo então presidente no Serpro e na Receita Federal. A ideia era obter dados que fossem usados ​​na defesa do senador. Nesse momento, Bolsonaro alerta que é preciso ter cuidado para que uma conversa entre eles seja gravada. E o general Heleno alerta que tudo tem de ser feito “fechadíssimo”, para não vazar. A avaliação da PF é que o áudio comprova que Bolsonaro utilizou a estrutura do governo para enviar o filho de investigações no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em outro intervalo da reunião, Bolsonaro revela que Wilson Witzel, então governador do Rio, teria oferecido ajuda para blindar Flavio Bolsonaro – e que, em troca, teria solicitado a nomeação de alguém de sua confiança para ministro do STF. Ouça a íntegra do áudio em que Bolsonaro e aliados discutem blindagem de Flavio Bolsonaro

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