A novidade é a inclusão dos serviços de telecomunicações e internet, que não foram incluídos na proposta quando ela tramitou pela Câmara dos Deputados. Pessoa segurando smartphone. Pexels/Pixabay O relator da regulamentação da reforma tributária, Eduardo Braga (MDB-AM), propôs que a população de baixa renda passe a ter direito a receber de volta o imposto pago nas contas de serviços de telecomunicações — como planos de telefonia e internet — por meio do “cashback”. O relatório de Braga foi divulgado na manhã desta segunda-feira (9) e poderá ser votado pelo Senado na quarta-feira (11). 💰O “cashback” é um mecanismo que permite a devolução, para famílias de baixa renda, do imposto de pagamento em alguns serviços e produtos, como fornecimento de energia elétrica, água e gás. Leia também: Câmara começa a detalhar como vai funcionar a reforma tributária; entenda o que foi aprovado A novidade é a inclusão dos serviços de telecomunicações e internet — que não tinha entrado na proposta quando tramitou pela Câmara dos Deputados. A reunião sobre o projeto de regulamentação da tributação nesta segunda (9) foi cancelada pelo presidente em exercício, Marcos Rogério (PL-RO), por falta de quórum. O texto não chegou a ser votado (entenda mais abaixo). Relator da Reforma Tributária se queixa com Pacheco de cancelamento da sessão da CCJ; veja vídeo Relator apresenta parecer sobre Reforma Tributária no Senado Segundo o relatório de Braga devolução será de: 100% da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS); 20% do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Uma entidade que representa as operadoras de telecomunicações, a Conexis Brasil Digital, disse que avalia o relatório como “uma vitória para a inclusão digital do Brasil”. “O cashback de 100% da CBS e 20% do IBS dos serviços de telecomunicações vai reduzir em 0,5 ponto percentual a carga tributária das famílias que ganham até meio salário mínimo”, disse o presidente-executivo da Conexis, Marcos Ferrari. De acordo com a Ferrari, a inclusão desses serviços nas regras do cashback tem “impacto praticamente nulo” no Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Ainda segundo o parecer de Braga, as devoluções serão feitas no momento da cobrança, no caso dos seguintes serviços: energia elétrica comunicações abastecimento de água esgotamento sanitário gás canalizado botijão de gás de até 13 kg Para receber cashback, o consumidor deve ter renda familiar por capita de até meio salário mínimo. Como esse dinheiro vai ser repassado e o calendário dos pagamentos ainda será definido posteriormente pela Receita Federal. O projeto diz que essa devolução deverá estimular a “formalização do consumo das famílias destinatárias, por meio da emissão de documentos fiscais” para evitar a sonegação. O que está em jogo na reforma A proposta relativa a Braga estabelece diretrizes para a cobrança dos novos impostos sobre o consumo — IBS, CBS e Imposto Seletivo — que substituirão os atuais PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS, em um processo de transição até 2033. Entre os principais pontos do relatório estão: ➡️Isenções e reduções tributárias: Carnes, frangos, peixes e medicamentos terão isenção ou redução de alíquotas, enquanto serviços essenciais, como energia elétrica e telecomunicações, contarão com devolução de parte dos tributos para famílias de baixa renda. ➡️Imposto Seletivo (“imposto do pecado”): Armas, munições, bebidas alcoólicas, cigarros e apostas estão entre os itens que sofrerão tributação adicional. ➡️Mudanças sociais: Redutores tributários para imóveis populares, ampliação de benefícios para pessoas com deficiência e inclusão da figura do “nanoempreendedor” para autorização de tributos. Reforma tributária: alimentos que podem ficar mais baratos com imposto zero ou menor O calendário apertado O cronograma apertado reflete a prioridade dada pelo Congresso e pelo Palácio do Planalto à aprovação do texto ainda este ano. Caso o Senado faça alterações, o projeto retornará à Câmara, que terá a palavra final. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já indicou disposição para concluir a votação antes do recesso legislativo. Braga ressaltou que o atraso pode comprometer o planejamento e as discussões técnicas previstas para os próximos dias. “Fizemos muitas simulações e melhoramos o texto técnico. Agora, precisamos avançar para garantir a eficiência e a justiça tributária que buscamos com essa reforma”, afirmou. Próximos passos Após a leitura, quando ocorrer, será concedido prazo de vista aos senadores para análise. A expectativa é que o texto seja votado no plenário na quarta-feira (11). Segundo o senador Rodrigo Pacheco, “o Senado está comprometido com o avanço da reforma, essencial para modernizar e simplificar nosso sistema tributário”. Enquanto isso, as lideranças governamentais e o próprio relator estão articulados para garantir a aprovação sem novos entraves, visando atender às demandas de estados, municípios e setores produtivos, além de evitar atrasos no cronograma fiscal de 2024.
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