Se a governadora Raquel Lyra (PSDB) obteve uma derrota no primeiro turno das eleições municipais ao não eleger Daniel Coelho (PSD) prefeito do Recife, o segundo turno deu à gestora de Pernambuco duas vitórias em cidades importantes: Olinda, com a eleição de Mirella Almeida (PSD); e Paulista, com a eleição de Ramos Santana (PSDB). Ao emplacar aliados, Raquel busca minar o PSB na região e consolidar sua reeleição em 2026.
Com 51,3% da escolha do eleitor – 111.613 votos – Mirella Almeida assumirá a prefeitura de Olinda em 1º de janeiro de 2025. Em Paulista, Ramos conquistou a cidade com 73,36% do total, o equivalente a 120.228 votos. Ele manteve, ao longo da purificação das urnas, vantagem sobre o adversário Junior Matuto (PSB).
Das 14 cidades que compõem a Região Metropolitana do Recife, a governadora terá oito aliados contra seis opositores. Além disso, o PSDB se tornou a legenda com o maior número de gestores públicos eleitos em Pernambuco, com 32 prefeitos. A conta pode ser incorporada quando somadas às prefeituras de aliados do governo. A expectativa entre os aliados é que Raquel possa chegar a ter em sua base 125 dos 184 municípios do estado com as vitórias do segundo turno.
“Essa vitória não é só nossa; foi construída com o apoio de muitos que, ao longo da jornada, se uniram à campanha de Mirella. agradecer a todos os militantes e a todos que acreditaram que o trabalho que estamos fazendo em Pernambuco precisa ser fortalecido, especialmente no litoral norte”, disse o governador durante a festa da vitória de Mirella.
Resultado eleitoral reflexões conjuntas de Raquel Lyra no interior do estado
O resultado deste segundo turno das eleições municipais também é avaliado como fruto da intensificação nas políticas políticas do Palácio de Campo das Princesas, sede do governo pernambucano. O deputado federal Mendonça Filho (União-PE) acredita que um governador começou a demonstrar habilidades de articulação política mais fortes, especialmente no interior de Pernambuco.
“Raquel Lyra começou a fazer mais política, articulação política, e o trabalho dela começa a aparecer no interior”, afirma. Segundo o deputado, a popularidade de Lyra tem crescido com a implementação de programas robustos de infraestrutura e habitaçãocomo um pacote de investimentos de R$ 5 a R$ 6 bilhões destinado à área de estradas, abastecimento de água e saneamento básico.
Para Mendonça, esses avanços consolidam a posição de Lyra como uma figura competitiva para as próximas eleições estaduais. “Acho que para 2026 ela vai ser competitiva, mesmo, por exemplo, se o João Campos decidir disputar. Não tenho dúvidas de que ela será altamente competitiva”, destaca ele, enfatizando a proposta do governador nas regiões do Agreste, Sertão e Mata.
Apesar do sucesso nas áreas rurais, o parlamentar conseguiu que o governador ainda enfrentasse desafios na região metropolitana. “O desafio dela é a região metropolitana, que claramente, pelo resultado das urnas, mostra também um processo de recuperação”, concluiu Mendonça.
A melhoria da articulação política por parte de Raquel Lyra ocorre em um ano em que a governadora teve diversos atritos com aliados políticoscom destaque para o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB). Ela atribuiu a Álvaro Porto a aprovação de nomes que desagradaram o governo para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e as derrotas sofridas em votações sobre o Orçamento do estado em 2024. Deste então, a relação andou estremecida.
A principal petição de aliados é que um governador teria um perfil centralizador e não buscaria valorizar a base. A indicação de secretariado de perfil técnico, logo no início do governo, foi outra decisão que desagradou os parlamentares ligados ao governador. A falta de diálogo por parte da gestora e o envio de propostas às pressas pelo Executivo também contribuiu para que Raquel Lyra angariasse a animosidade do Legislativo local.
Quem é Raquel Lyra
Nascida no Recife, em 1978, Raquel Lyra é filha do ex-prefeito de Caruaru e do ex-governador de Pernambuco, João Lyra Neto. O avô dela, João Lyra Filho, também foi prefeito do município. Fernando Lyra, tio de Raquel, foi ministro da Justiça no início do governo de José Sarney.
Antes de ingressar na política, a governadora se formou em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e atuou como delegada da Polícia Federal. Também foi procuradora-geral do estado e chefe da Procuradoria de Apoio Jurídico e Legislativo do governo de Pernambuco, entre 2007 e 2010.
Raquel Lyra é vista como uma das promessas para renovação do PSDB.
Antes dos mandatos à frente da prefeitura de Caruaru, Raquel Lyra foi eleita deputada estadual em 2010 e em 2014. Na primeira disputa, elegeu-se como a mulher mais votada de Pernambuco.
Eleita governadora em 2022, Raquel Lyra é vista como uma das promessas do PSDB para a renovação do partido. Ela e Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, foram os únicos gestores estaduais eleitos pelo partido.
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