Lula tem pedido aos ministros 'sobriedade' nas falas para não dar margem a discursos de 'perseguição'. Para a cúpula do Exército, participação de arranhões na imagem da instituição. A GloboNews apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem pedido a ministros e aliados “moderação” nos comentários sobre o relatório final da Polícia Federal que indica o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas por tentativa de Golpe de Estado. De acordo com interlocutores do Palácio do Planalto, o objetivo do pedido de Lula é evitar possíveis discursos de oposicionistas de que há uma “perseguição política” contra o grupo de Bolsonaro. Embora Lula não esteja impedindo os ministros de comentar os indiciamentos, o presidente recomendou “sobriedade” nas declarações. A orientação tem sido seguida por membros do governo – que estão fazendo comentários mais contidos sobre as conclusões da Polícia Federal. Grupos do PL evitam comentários apesar de alguns nomes do PL terem ido às redes sociais afirmam que os indiciamentos são apenas narrativas e que não há provas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro na trama golpista, nos grupos de WhatsApp de políticos do partido quase ninguém tem comentado o relatório final da PF. Além do ex-presidente, outros políticos do PL, como Braga Netto e o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do estado democrático, golpe e organização criminosa. Aliados de Valdemar Costa Neto entendem que Bolsonaro também deveria adotar o silêncio sobre o caso e considerar um “erro” a entrevista concedida pelo ex-presidente na véspera da divulgação do relatório final da investigação. Cúpula do Exército vê imagem 'arranhada' Nos bastidores, membros do comando do Exército avaliam que o relatório da PF gerou constrangimento e que a imagem da instituição está “arranhada” com as revelações feitas pelos investigadores sobre o envolvimento de militares na trama golpista. Também relatam “surpresa” com o conteúdo de algumas mensagens, com termos pejorativos e ofensivos contra generais que resistiram e não cederam a pressão golpistas. Entretanto, o Exército quer enfatizar a ideia de que, apesar do envolvimento de militares de alta patente, a instituição em si não embarcou nenhum plano de ruptura democrático. Uma manifestação oficial da força, no entanto, não será emitida por enquanto. A ideia é aguardar eventual avanço do processo no Supremo Tribunal Federal. Uma fonte do Exército diz que todo o episódio reforça a ideia de que os militares não devem se envolver com a política, como ocorreu nos últimos anos e foi ampliado no governo Bolsonaro. No Congresso, há uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para diminuir a participação de militares da ativa na política. O texto, contudo, não é consensual dentro do governo Lula.
Orientação do governo é não politizar inquérito do golpe, dizem interlocutores do Planalto

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