PF prendeu policial federal e quatro 'crianças pretas' do Exército nesta terça; grupo teria tramado golpe de Estado com assassinato de autoridades para impedir posse de Lula em 2023. PF prende militares suspeitos de planejar matar Lula, Alckmin e Moraes em 2022 Na decisão que autorizou a Operação Contragolpe realizada nesta terça-feira (19), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revelou a existência de acusações de “crimes graves” e “extrema periculosidade” de militares e de policiais federais presos por suposto plano golpista. O magistrado também menciona, no documento, técnicas militares e terroristas e acusações de uso de aparelho público-militar no planejamento por parte dos suspeitos. O despacho do ministro do STF que autorizou a operação da PF se tornou público nesta terça. Os investigadores apuraram uma trama golpista que articulou as prisões ou as execuções de Lula, Geraldo Alckmin e do próprio ministro Moraes. Foram presos: quatro militares do Exército ligados às Forças Especiais da corporação, os chamados “crianças pretos”: o general de brigada Mário Fernandes (na reserva), o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira. um policial federal: Wladimir Matos Soares. “Os elementos comprovam a existência de crimes graves e fingiam ser suficientes da autoria, além de demonstrarem a extrema periculosidade dos agentes, integrantes de uma organização criminosa, com objetivo de executar atos de violência, com monitoramento de alvos e planejamento de sequestro e, possivelmente, homicídios [de Lula, Alckmin e do próprio Moraes”, afirma a decisão.
Em relação ao uso de aparato público-militar no suposto plano golpista, o ministro diz que foi identificado indício de uso de um veículo oficial do Batalhão de Ações de Comandos nos fatos investigados.
Em outro trecho do despacho, o magistrado afirma haver indícios de que os alvos discutiram o uso de técnicas militares e terroristas para concretizar o plano golpista.
“Os investigados contribuíram para o planejamento de um Golpe de Estado, cuja consumação presumia a detenção ilegal e possível execução de [Moraes]com uso de técnicas militares e terroristas, além de possível assassinato dos candidatos eleitos nas Eleições de 2022, Lula e Alckmin, e, eventualmente, as prisões de pessoas que ofereceram qualquer resistência institucional à empreitada golpista”, diz o documento. Grupo monitorou autoridades Crianças pretas presas pela PF: Rafael Martins de Oliveira, Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Mario Fernandes Arquivo pessoal e Eduardo Menezes/SG/PR O monitoramento teve início após uma reunião na casa do ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto, que foi candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições do ano passado “As atividades anteriores ao evento do dia 15 de dezembro de 2022 indicam. que esse monitoramento teve início, temporalmente, logo após a reunião realizada na residência de Walter Braga Netto, no dia 12 de novembro de 2022”, diz a PF no documento. A PF diz que, entre as ideias cogitadas pelo grupo, estava a de envenenar o ministro Alexandre de Moraes. “Foram diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefatos explosivos e por envenenamento em evento oficial público. Há uma citação aos riscos colaterais da ação, dizendo que os danos seriam muito altos, que a chance de ' captura' seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado à morte no contexto militar) seria alta”, afirma trecho. Para os investigadores, os envolvidos admitiram inclusive a possibilidade de eles morrerem no andamento da suposta operação golpista. “Ou seja, claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de 'neutralizar' o denominado 'centro de gravidade', que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado”, prossegue a PF em trecho citado por Moraes. O grupo também cogitou “neutralizar” (assassinar) Lula e Geraldo Alckmin, então presidente e vice-presidente eleitos. Mais uma vez a hipótese de envenenamento foi levantada, segundo as investigações. “Para execução do presidente Lula, o documento descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de produtos químicos para causar um dano orgânico”, descreve a PF. Ainda de acordo com os investigadores, para que a tentativa de golpe tivesse tido êxito, os suspeitos trataram da necessidade de também assassinar o vice-presidente Geraldo Alckmin, que assumiria a Presidência da República no caso de morte de Lula. “Já o codinome Joca, por sua vez, é uma referência ao citado vice-presidente Geraldo Alckmin. […] Como, além do presidente, a chapa vencedora é composta, obviamente, pelo vice-presidente, é somente na hipótese de eliminação de Geraldo Alckmin que a chapa vencedora estaria extinta”. Alexandre de Moraes; ministro do STF foi um dos monitorados pelo grupo suspeito de tentativa de golpe de Estado Reprodução Segundo a PF, a organização foi dividida em cinco núcleos: ataques virtuais a opositores; ataques às instituições (STF, Tribunal Superior Eleitoral), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral; de Golpe de Estado e de Abolição violenta do Estado Democrático de Direito; ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias e uso da estrutura do Estado para vantagens, ou que se subdividem em: a) uso de estrutura do Estado para vantagens, fornecimento de fundos (cartões corporativos) para pagamento de despesas pessoais b) e inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina c) desvio de bens de alto valor; patrimonial entregue por autoridades estrangeiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação com o fim de enriquecimento ilícito”.
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