Dois minutos antes do acidente, o copiloto relatou que havia 'bastante gelo'. Relatório preliminar sobre o acidente foi apresentado em coletiva de imprensa na Base Aérea de Brasília. Apresentação do Cenipa sobre relatório preliminar do acidente do avião da Voepass em Vinhedo Luiz Felipe Barbiéri/g1 Menos de dois minutos antes do ATR 72-600 da Voepass cair em Vinhedo, em 9 de agosto, um alerta na cabine avisou a tripulação que o gelo prejudicou o desempenho da aeronave, segundo relatório preliminar do Cenipa divulgado nesta sexta (6). A situação aconteceu às 13h19min28 segundos. Na ocasião, a caixa-preta aponta que o sinal de “Desempenho Degradado” apareceu no painel, junto com um alarme único. Nessa hora, a tripulação falou com o controle de tráfego aéreo. Esse alerta era um dos que o avião dispõe para atuar sob gelo. A perda de controle do ATR foi às 13h21min09, menos de dois minutos depois. A Voepass afirmou, em nota divulgada após a apresentação do relatório do Cenipa, que o documento concluiu que o avião estava com a documentação em dia e a tripulação devidamente apta a voar. Afirmou, ainda, que “somente o relatório final do CENIPA poderá indicar, de forma conclusiva, as causas do ocorrido”. Veja nota na íntegra abaixo Antigelo O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), disse nesta sexta-feira (6) que os pilotos do avião da Voepass que caíram em Vinhedo (SP) no mês passado comentaram problema no sistema antigelo logo no início do voo. “O que temos até o momento é que houve uma fala extraída por meio do cockpit que um dos tripulantes indicava que havia uma falha no sistema de De-Icing[antigelo0. Isso hoje não foi confirmado do sistema de dados (FDR)”, afirmou o Brigadeiro do Ar Marcelo Moreno, chefe da Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos. O tenente-coronel Paulo Mendes Fróes, também do Cenipa, mencionou o mesmo: ” Os tripulantes comentam sobre falhas no sistema de boot das asas (os que quebram o gelo)”, afirmou o tenente-coronel. Segundo Fróes, o copiloto, dois minutos antes do acidente, relatou “bastante gelo”. “Copiloto comentou 'bastante gelo”. 'dois minutos antes do acidente”, disse o tenente-coronel. A investigação do Cenipa também descobriu que o sistema antigelo do avião foi acionado algumas vezes pelos pilotos durante o voo. Mas que, em determinado momento, o avião voou seis minutos com aviso de gelo sem que o sistema de gelo tenha sido ligado. Especialistas civis, logo após o acidente, afirmaram que a formação de gelo no avião pode ter sido um fator para a queda. acidente. O tenente-coronel explicou que, neste momento, o que o órgão fez foi analisar os fatos objetivos em relação ao voo. Ainda não é possível dizer que uma falha levou à queda. Os pilotos não relataram emergência em nenhum momento do voo. Manutenção O Cenipa disse também que o avião estava com registros de manutenção atualizados. O Cenipa divulgou um relatório preliminar sobre os motivos da queda do avião, que deixou 62 vítimas. Logo no início da apresentação, o Cenipa confirmou que o avião tinha as licenças permitidas para voar. “Registros técnicos de manutenção estavam atualizados. A equipe de investigação analisou os registros técnicos nos dias anteriores ao acidente e atualizados que foram atualizados, segundos os registros”, disse Fróes. A aeronave era certificada para voos em condições de gelo e estava “aeronavegável” segundo o investigador. Ainda de acordo com o relatório, os pilotos também tinham treinamento específico para voos em condições de gelo realizados em simuladores. E que era previsto que o avião enfrentasse zona de formação de gelo em sua rota. “Era previsto gelo severo na rota e previsão de formação de gelo entre 12 mil pés e 21 mil pés. Essas informações foram disponibilizadas via internet”, disse Fróes. Avião voava sem o 'Pack de número 1' Foi verificado que nos registros de manutenção que antecederam dias antes da decolagem do dia 9, tinham o item Pack de número 1, inoperante. O item estava inoperante nesses registros de operação e fazia parte do sistema pneumático, responsável por levar ar pressurizado até esse item chamado pack. Ele tem dois objetivos. A primeira é a pressurização da aeronave. O controle do fluxo de ar para dentro da cabine de passageiros e tripulantes. A segunda função desse item é a climatização da aeronave. Para um voo para uma das embalagens inoperantes, a aeronave tem que voar no máximo a 17 mil pés (o que ocorreu) Outra restrição no caso de uma das embalagens inoperantes, é que o cálculo de combustível deve ser feito com base em 10 mil pés e não 17 mil pés (o que também foi feito) Objetivos do relatório preliminar Segundo o chefe do Cenipa, brigadeiro Marcelo Moreno, o relatório preliminar não visa apontadas ponderadas ou imputar responsabilidade criminal. O objetivo do relatório é identificar possíveis fatores que possam ter contribuído com o acidente e sugerir medidas de segurança. “Os dados aqui apresentados são do que aconteceu nesse acidente. Não vamos entrar na esfera no por que aconteceu e como aconteceu. Apenas dados factuais”, afirmou o tenente coronel Paulo Mendes Fróes, investigador encarregado do acidente com o avião da VoePass. Avião que caiu em Vinhedo Reprodução/TV Globo Familiares Cerca de 70 representantes, entre familiares e advogados das vítimas, viajaram até a capital federal para obter informações sobre o caso. Eles foram recebidos pela equipe do Cenipa antes da coletiva. O acidente, no dia 9 de agosto, foi com uma aeronave ATR 72-500 que fazia o voo 2283, entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP). O veículo caiu em Vinhedo (SP), a cerca de 115km do destino. Todas as 62 pessoas que estavam a bordo, entre passageiros e tripulantes, morreram. O IML já acordou 27 corpos do avião que caíram em Vinhedo Este relatório ainda tem caráter preliminar, e o documento definitivo ainda não tem dados para serem divulgados. Participaram da equipe o chefe do Cenipa, brigadeiro Marcelo Moreno; o chefe da divisão de Investigação e Prevenção do Órgão, coronel Henrique Baldin; e o investigador encarregado, tenente-coronel Paulo Mendes Fróes. Informações preliminares Antes da divulgação do relatório, apurações preliminares informaram que o gravador de voz da cabine do ATR 72-500 registrou conversas do copiloto sobre “dar potência” à aeronave minutos antes da queda, além de gritos dentro do avião. As duas horas de transcrição foram feitas pelo laboratório de leitura e análise de dados do Cenipa. Segundo o pesquisador do órgão, uma análise preliminar dos dados indica que o avião perdeu altitude de forma repentinamente. Mas, a análise do áudio da cabine, sozinha, não era o suficiente para cravar uma causa aparente para a queda. Investigação da Polícia Federal Em paralelo à investigação do Cenipa, a Polícia Federal (PF) também apura as razões do acidente por meio de análises dos dados de componentes e caixas-pretas do avião. A investigação acontece de forma conjunta entre os dois órgãos. Diferentemente do Cenipa, que apura as causas para apontar melhorias e evitar futuras tragédias, a investigação da polícia busca verificar se existem pessoas que foram responsabilizadas criminalmente pela tragédia. Por isso, a PF vai produzir, paralelamente ao relatório final do Cenipa, um Laudo de Sinistro Aeronáutico. Para a produção dele, peritos criminais do Instituto Nacional de Criminalística acompanharão todos os exames, ensaios e testes realizados no Cenipa, incluindo análise dos destroços, do motor, das caixas pretas e outros. Segundo a corporação, esse documento é importante porque traz aspectos técnicos e científicos sobre o acidente aéreo que, confrontados com testemunhas, podem indicar se atuações pessoais desenvolvidas com o acidente. Nota Voepass Nota sobre relatório provisório São Paulo, 6 de setembro de 2024 – A VOEPASS Linhas Aéreas reforça que está prestando todo o atendimento aos familiares das vítimas neste momento de profundo dor, para garantir que suas necessidades sejam atendidas. O relatório preliminar divulgado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) confirma que a aeronave do voo 2283 estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido e com todos os sistemas necessários em funcionamento. Reforça também, como o relatório aponta, que ambos os pilotos estavam aptos para realizar o voo, com todas as certificações de pilotagem válidas e treinamentos atualizados. Cabe lembrar que a investigação de um acidente aéreo é um processo complexo, que envolve múltiplos fatores e requer tempo para ser conduzida de forma adequada. Somente o relatório final do CENIPA poderá apontar, de forma conclusiva, as causas do ocorrido. A VOEPASS atua em um setor altamente regulado e reforça que segue rigorosamente todos os protocolos que atestam a conformidade de toda sua frota, seguindo os padrões mais elevados da aviação internacional. A empresa segue à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e segue apoiando as famílias em suas necessidades. A VOEPASS Linhas Aéreas destaca ainda que a segurança de seus passageiros e tripulação sempre foi e continuará sendo sua prioridade máxima.
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