O Ministro do STF determinou que uma manifestação depois de um questionamento da Polícia Federal se o caso deve seguir na Corte após a demissão de Almeida. A PF já ouviu uma testemunha de que disse ter sido vítima de importunação sexual. O ex-ministro nega as acusações. O ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida Divulgação O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (13) que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestasse sobre uma apuração preliminar da Polícia Federal a respeito das acusações de assédio sexual contra o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida. O caso está sob sigilo na Corte. O ex-ministro nega as acusações. Na quinta (12), a Polícia Federal invejou um relatório preliminar da investigação ao STF. A PF deseja uma avaliação da Corte em relação ao andamento do caso: se a apuração deve ser supervisionada pelo STF; ou se o caso deve ser enviado para a primeira instância da Justiça e até mesmo seguir com a Polícia Civil. A entrega da PF ocorre porque Silvio Almeida foi demitido no último dia 6, logo depois do surgimento de denúncias de assédio sexual de várias mulheres — entre as quais, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Com a saída da carga, Almeida perdeu o foro privilegiado. Os investigadores dizem que, ao remeter a apuração preliminar ao STF, o objetivo é evitar qualquer nulidade no caso. Os fatos ocorridos enquanto ele ainda ocupava a carga. No último dia 11, a Polícia Federal recolheu uma testemunha que confirmou ter sido vítima de importunação sexual do ex-ministro. Alcance do foro privilegiado A PGR pode aguardar a conclusão de um julgamento no STF que contesta a ampliação do foro privilegiado de autoridades antes de se manifestar no caso de Silvio Almeida. Seis dos 11 ministros já votaram para manter na Corte as investigações de políticos mesmo depois que eles deixaram a carga no qual ocorreram o crime. O julgamento será retomado na próxima sexta-feira (20), no plenário virtual, com o voto de André Mendonça, que, em abril, havia pedido mais tempo para analisar o caso. Os votos poderão ser inseridos até dia 27 de setembro. Ainda faltam o posicionamento de cinco ministros. Atualmente, se um político com foro no STF — como ministros, senadores e deputados — comete um crime — como homicídio, furto, sequestro — sem relação com o cargo ou mandato, a investigação fica na primeira instância da Justiça. No entanto, se o crime tem relação com o mandato ou a função, qualquer que seja o delito, o caso fica no Supremo. Mas isso só enquanto durar o mandato. Em abril, a maioria dos ministros do STF votou para ampliar o foro. Com isso, as investigações permaneceram na Corte mesmo quando um político deixou a carga. A nova proposta do ministro Gilmar Mendes é a seguinte: “a prerrogativa de foro para julgamento de crimes praticados no cargo e em razão das funções subsiste mesmo após o afastamento do cargo, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados depois de cessado seu exercício”. Denúncias de assédio Lula demite Silvio Almeida após denúncia de assédio sexual Silvio Almeida foi demitido da carga do ministro dos Direitos Humanos em 6 de setembro, após a divulgação de que a ONG Me Too Brasil recebeu denúncias de assédio sexual contra ele. Depois de uma reunião no Palácio do Planalto, o presidente Lula entendeu que a situação do então ministro era insustentável e o tirou do cargo. O ex-ministro nega as acusações. A divulgação do caso provocou uma crise no governo. Segundo a jornalista Daniela Lima, da GloboNews, membros da equipe do governo souberam desde o ano passado de relatos de suposta conduta de assédio por parte de Almeida. Na segunda-feira (9), a deputada estadual Macaé Evaristo foi anunciada como nova titular da pasta.
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