Ícone do site BCN

Lula convoca governadores para discutir polêmica PEC da Segurança Pública

Lula convoca governadores para discutir polêmica PEC da Segurança Pública

Lula Com Ricardo Lewandowski Foto Marcelo Camargo Agencia Brasil 660x372.jpg



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou para a tarde desta quinta (31) a prometida reunião com todos os governadores do país para apresentar a chamada “PEC da Segurança”, que pretende ampliar o poder do governo na segurança pública dos estados . O encontro terá, ainda, a presença de representantes do Congresso, do Judiciário e da Procuradoria-Geral da República (PGR) e está marcado para às 15h no Palácio do Planalto.

Essa PEC vem sendo mencionada por ele desde o começo do ano como uma forma, na visão do governo, de integrar as forças de segurança e promover uma cooperação da União com as polícias dos estados para tentar conter o avanço do crime organizado. No entanto, a proposta é vista pelos governadores como uma forma de ingerência e atropelo da atribuição constitucional dos estados gerenciando a segurança pública.

Governadores como Romeu Zema (Novo-MG) e Jorginho Melo (PL-SC), da oposição, já anunciaram que não participarão da reunião. Lula e o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), no entanto, negam que a PEC diminua a autonomia dos estados.

Por ser uma emenda à Constituição, a proposta necessária de ampla maioria na Câmara e no Senado para ser aprovada, e será enviada ao Congresso no momento em que a base de Lula não tiver uma unanimidade absoluta ao governo. A base aliada, ainda, ficou fragilizada após as eleições legislativas deste ano com o avanço dos partidos do Centrão — alguns, como o MDB e o União Brasil, já sinalizam que podem desembarcar do governo e não apoiar a reeleição de Lula em 2026.

Lewandowski vem pontuando que a PEC apenas atingirá as diretrizes gerais e o aumento das atribuições da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em algumas ações. De acordo com ele, esse aumento da atuação ocorre por conta do avanço do crime organizado para outros estados e até mesmo para outros países.

“Ao longo destes 36 anos [desde a promulgação da Constituição de 1988]descubra-se que o crime não é mais apenas local, mas interessante e transnacional. […] Entendemos que chegamos a hora de fazermos uma reforma na Constituição principalmente na PF e PRF, dando competência à União para coordenar esse sistema, estabelecer diretrizes gerais sobre segurança pública, defesa civil e sistema penitenciário, que está caótico”, disse em uma entrevista no mês passado.

De acordo com ele, os estados não perderão o controle de suas polícias – Militares e Civis – e nem os municípios de duas guardas, mas terão diretrizes que sejam externas aos crimes de repercussão nacional, principalmente na atuação de facções e milícias.

“Precisamos estabelecer diretrizes nacionais específicas para esses sistemas, sem prejuízo para estados e municípios em seu interesse peculiar. Não queremos ingerir nas polícias militares, civis e guardas municipais, queremos que atuem de forma coordenada sobretudo na troca de dados de inteligência”, apontou um discurso semelhante e corriqueiro de Lula.

De acordo com ele, entre as mudanças propostas para aumentar as atribuições das duas forças na Constituição, estão:

  • Polícia Federal: atua também no patrulhamento ostensivo de matas, florestas e áreas de preservação ambiental, e de combate ao crime organizado e às milícias privadas, que em geral são locais com repercussão nacional.
  • Polícia Rodoviária Federal: é mais do que uma polícia viária, atuando também em hidrovias e ferrovias, além de uma força ostensiva para ser requisitada temporariamente pelos estados quando necessário em situações de emergência.

“[A mudança na PRF] me parece mais significativo. Pela necessidade surgida pelos problemas que hoje assolam o país, a PRF, graças à eficiência dela e aos equipamentos que possui, atua em todo o território nacional em ajuda às forças locais”, disse citando a atuação em operações nas comunidades do Rio de Janeiro, no combate ao tráfico de drogas no Norte do país, trabalho escravo, garimpo ilegal, terras Yanomamis, fronteiras, etc.

Já a atuação mediante requisição de estados, diz Lewandowski, seria como ocorre em países como Itália, França, Portugal e Chile, uma “força de choque que pode atuar em todo o Estado brasileiro”. Seria uma versão no âmbito nacional das polícias militares e civis dos estados, segundo o ministro.

Sair da versão mobile