Segundo interlocutores, Lula está preocupado em passar a mensagem de que está fazendo o ajuste fiscal em cima dos mais pobres. Com os militares, a visão é de que seriam incluídos os setores mais favorecidos da sociedade. Ministro da Defesa, José Mucio, entre dois militares no 7 de Setembro Joédson Alves/Agência Brasil A leitura no Palácio do Planalto é que eventuais cortes no Ministério da Defesa terão um caráter político e simbólico para ajudar a reduzir possíveis críticas ao pacote de contenção de despesas. Portanto, a tendência é que o ajuste na massa responsável pelas Forças Armadas seja pontual, abandonando algumas modalidades de pensões. Nesta segunda-feira (11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que um sexto ministério fosse incluído nas medidas de redução de despesas. Haddad não informou a massa, mas a GloboNews apurou que trata-se do Ministério da Defesa. Segundo interlocutores, Lula está preocupado em passar a mensagem de que está fazendo o ajuste fiscal em cima dos mais pobres. Incluir as despesas militares seria uma forma de mostrar que o governo está ampliando os cortes para setores mais favorecidos da sociedade. Inclusive, o uso dos termos “corte” ou “redução de despesas” está vetado por membros do governo. Quem aborda o tema deve se referir à medida como “ajuste” no orçamento. No meio do ano, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que a aposentadoria dos militares deveria ser discutida por ser bem mais deficitária que o regime geral do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). A discussão, no entanto, perdeu atração por conta da resistência da caserna e do Congresso em tratar do assunto. O próprio Lula chegou a dizer publicamente que não mexeria no orçamento dos militares. O Planalto e a equipe econômica avaliam, inclusive, antecipar outras medidas que possam atingir setores mais abastados da população, de forma a diluir a percepção de que o governo está prejudicando os mais pobres. São medidas que, em tese, seriam propostas ao Congresso somente em 2025. Auxiliares palacianos afirmam que a lista de opções de cortes está na mesa do presidente, que não demonstrou pressa em tomar sua decisão. Interlocutores no Planalto e na Fazenda já prevêem que o anúncio pode ficar para o final do mês, após a cúpula do G20. Medidas em discussão Segundo dois ministros muito próximos de Lula, mudanças no seguro-desemprego não foram discutidas, em nenhum momento, na maratona de reuniões das últimas semanas. Ou seja, a tendência é que não entrem no pacote. Da mesma forma, não houve debate sobre desvincular o reajuste das retiradas do aumento do mínimo. No caso do Bolsa Família e do BPC (Benefício de Prestação Continuada), o governo deve intensificar o pente-fino, buscando formas de aperfeiçoar a fiscalização e os cadastros Também perdeu a ideia de alterar os pisos constitucionais de Saúde e Educação, mas é É provável que estas despesas obrigatórias estejam incluídas nas regras do arcabouço estabelecidas para despesas discricionárias. Ou seja, os pisos não mudam, mas o crescimento das despesas nas duas áreas fica limitado à inflação mais um aumento de 2,5%.
Governo vê caráter simbólico e político em eventual corte no Ministério da Defesa

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