Governo errou no começo e no fim da polêmica do PIX, avaliam interlocutores de Lula

Nova regra do Pix foi revogada. Getty Images via BBC O governo errou no começo e no fim da polêmica do PIX. Errou ao lançar uma medida sem explicar e calcular o impacto que ela teria sobre a população. Também falhou ao tentar encerrar a polêmica por demorar a reagir de forma definitiva e insistir inicialmente num caso que já havia se transformado numa batalha perdida para a administração do petista. Governo revoga norma da Receita que aumentou a fiscalização sobre o PIX Essa avaliação é feita por interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o episódio que deu munição a golpistas e à oposição para estragar a imagem do governo. A instrução normativa da Receita não tributava o PIX e até trazia melhorias no sistema, ao aumentar de R$ 2 mil para R$ 5 mil as transações financeiras, incluindo o PIX, que passariam a ser monitoradas de perto pelo órgão federal. E seu objetivo era pegar sonegadores, não pequenos empreendedores. O recuo do governo acabou se transformando na única saída possível para acabar com as notícias falsas sobre a medida. Assessores de Lula defenderam o ato da Receita como forma de combater sonegadores, mas consideraram que ela deu munição para oposição e golpistas desgastaram a imagem do governo. A crítica, porém, demora em tomar uma medida definitiva. Segundo interlocutores do presidente, “ficou ruim no anúncio e pior na demora do recuo”. Segundo a equipe de Lula, o governo precisa ter cuidado redobrado em suas decisões para evitar explorações políticas. Um avaliador defende que tudo seja testado e planejado internamente, principalmente em áreas sensíveis como a de tributos. Além do recuo, outra decisão acertada, que demorou, foi acionar a Polícia Federal para investigar os autores das fake news e dos golpes financeiros. Uma medida provisória será editada para garantir que o Pix seja equivalente ao dinheiro vivo e não possa sofrer nenhuma tributação como meio de pagamento, e os contribuintes tenham seu sigilo preservado. O presidente Lula avaliou nesta quarta-feira (15) que não dava apenas para ficar remediando a crise do Pix. Ele decidiu convocar sua equipe econômica para colocar um ponto final na polêmica. A retirada atingiu o ponto máximo com um vídeo do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), que ultrapassou mais de cem milhões de visualizações. É um vídeo que não trazia nenhuma mentira, mas insinuações de que o governo poderia estar tramando algo contra os trabalhadores. “O governo Lula vai monitorar seus gastos. E o Pix não será taxado, mas é sempre bom lembrar. A comprinha da China não seria taxada, mas foi. Não ia ter sigilo, mas teve. Você vai ser isento do Imposto de Renda, não vai”, afirmou o deputado do PL de Minas. “O Pix não será tributado, mas não duvido que possa sim. Quem mais for afetado por esta medida serão os trabalhadores, que serão monitorados como se fossem grandes sonegadores”, prosseguiu Nikolas Ferreira. Esse tipo de informação estava viralizando principalmente em grupos de trabalhadores informais, um segmento que votou em Bolsonaro e o governo Lula tentou atrair.