Presidente do Brasil recebeu líderes mundiais na reunião de cúpula do G20, no Rio. Lula é caloroso com Biden, Macron, Meloni e Xi Jinping, e frio com Milei O aperto de mãos formal entre o presidente Lula e seu colega Javier Milei, da Argentina, chamou a atenção na abertura do G20, nesta segunda-feira (18) , no Rio de Janeiro. O cumprimento protocolar entre os dois chefes de Estado já era esperado, já que eles são adversários políticos — mas a frieza contrasta com a recepção efusiva de Lula a outros líderes no evento. Ao contrário da cena com Milei, o presidente do Brasil trocou abraços calorosos com Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, Emmanuel Macron (França) e até com Georgia Meloni (Itália), que também é adversária política de Lula, mas cuja relação é amistosa . Ao receber Macron, Lula abriu a mão do presidente francês de modo efusivo, dando um abraço na sequência, segurando depois as duas mãos de seu colega. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebe o presidente da França Emmanuel Macron, durante cumprimentos aos líderes do G20 Ricardo Stuckert/Presidência da República A recepção tátil, característica de Lula, também ocorreu com o presidente americano, Joe Biden, que o reunião brasileiro relutou em soltar durante a sessão de fotos ao lado da primeira-dama, Janja. A primeira-ministra de direita da Itália, Giorgia Meloni, apesar de estar no lado oposto do espectro político, foi outra chefe de governo recebida de modo menos protocolar. Após trocarem beijos, Lula envolveu Meloni com o braço. Gabriel Boric, do Chile, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, foram alguns dos outros líderes que trocaram cumprimentos afetuosos com Lula. Diplomatas brasileiros têm que Milei já foi enviado pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e dificulta o fechamento do texto final da cúpula. Aperto de mão de Lula e Milei antes da cúpula do G20 g1 'O mundo está pior', diz Lula Lula abriu às 11h05 desta segunda-feira o 1º dia da Cúpula de Líderes do G20, o grupo das 19 principais economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana. Ele criticou o investimento em guerras em detrimento do combate à fome, um dos temas centrais propostos pelo governo brasileiro. “É muito importante que vamos decidir aqui, e tenho certeza de que se assumirmos a responsabilidade no combate à pobreza, podemos ter sucesso em pouco tempo”, declarou. Javier Milei chega à Cúpula do G20 “Constato com tristeza que o mundo está pior: Temos o maior número de conflitos armados desde a 2ª Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos provocados já registrados.” “As características climáticas e extremos mostram seus efeitos devastadores em todos os cantos do planeta. As desigualdades sociais, raciais e de gênero se aprofundam, na esteira de uma pandemia que ceifou mais de 15 milhões de vidas”, elencou. 'O mundo está pior', diz Lula durante abertura da Cúpula do G20 O G20 no Brasil Sob comando do Brasil pela primeira vez, o encontro terá foco no combate à fome, na mudança climática e na reforma das instituições de governança global, como a Organização das Nações Unidas (ONU). O G20 não aprova leis nem exigências de obrigações aos países, mas firma compromissos de políticas econômicas, sociais e de governança a serem obrigações. Saiba mais sobre o bloco. A presidência do bloco muda a cada ano: foi da Índia em 2023, está com o Brasil agora e será da África do Sul em 2025. Devem participar da cúpula no Rio de Janeiro, entre outros líderes internacionais: Joe Biden (EUA), Xi Jinping (China), Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Giorgia Meloni (Itália) e Javier Milei (Argentina). Veja a lista completa. O único presidente que não veio foi Vladimir Putin, da Rússia. Nos bastidores do G20: os detalhes e os encontros que colocam o Brasil no centro das decisões globais Aliança contra a fome Uma das principais apostas da presidência brasileira do G20 é a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma cooperação entre países para adoção de políticas públicas de transferência de renda e de incentivo à agricultura familiar. Até sexta-feira (15), pelo menos 37 países já haviam aderido à iniciativa, entre eles a Alemanha, maior economia da Europa. Os objetivos principais da aliança são: alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferências de renda; expandir as merendas escolares para mais 150 milhões de crianças; levar serviços de saúde a 200 milhões de mulheres e crianças. Saiba mais sobre a iniciativa. Governança global A diplomacia brasileira defende mudanças em fóruns e organizações internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU, para que mais nações tenham voz e influência. No domingo (17), o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu a modernização das estruturas de governança global e disse que a composição atual do Conselho de Segurança, em que apenas 5 países têm poder de veto, reflete um mundo antigo. “As ameaças que enfrentamos hoje são interconectadas e internacionais. Mas as instituições globais de resolução de problemas precisam desesperadamente de uma atualização, não menos importante o Conselho de Segurança, que reflete o mundo de 80 anos atrás”, disse. Ele falou também sobre a necessidade de ajudar as nações mais pobres a enfrentar os efeitos da crise do clima. “Países vulneráveis enfrentam enormes desafios e obstáculos que não são de sua responsabilidade. Eles não estão recebendo o nível de apoio que precisa de uma arquitetura financeira internacional que está desatualizada, ineficaz e injusta.” Agenda brasileira O comando brasileiro do grupo começou em 1º de dezembro do ano passado. Ao iniciar a presidência rotativa, o governo do presidente Lula distribuiu três eixos centrais de discussão para o G20: – inclusão social e combate à fome e à pobreza; – transição energética e desenvolvimento sustentável; – reforma da governança global. Paralelamente à discussão sobre esses temas, o Brasil também lançou algumas iniciativas, entre as quais: – G20 Social (com representantes da sociedade civil); – Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Lula no G20 destaca papel das cidades no clima Encontro do U20 No domingo (17), também no Rio de Janeiro, o presidente Lula discursou no encontro do Urban 20 (U20), fórum que reúne prefeitos de cidades dos países que integram o G20. Em seu pronunciamento, o presidente disse que as cidades têm papel a cumprir contra os extremos climáticos e cobrou financiamento dos países mais ricos para ações ligadas ao meio ambiente e de planejamento urbano em nações menos orientadas. O presidente disse também que o “planejamento urbano terá papel crucial na transição ecológica e no enfrentamento às mudanças climáticas”. Ele destacou que as cidades são responsáveis por 70% das emissões de gases de efeito estufa e 75% do consumo de energia. “Esses mesmos centros urbanos estão desproporcionalmente expostos às consequências das mudanças climáticas, à elevação do nível dos oceanos, às ondas de calor, à insegurança hídrica, às enchentes avassaladoras como as que vimos recentemente no sul do Brasil, na Colômbia e na Espanha”, disse. “As cidades não podem cuidar sozinhas da transformação urbana. Elas não podem ser ignoradas nos novos mecanismos de financiamento da transição climática. Infelizmente, os governos esbarram em uma enorme lacuna de financiamento no Sul Global”, acrescentou.
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