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‘Foram anos difíceis, mas confio na justiça de Deus’, diz mãe de guarda morto em São Pedro antes de júri de ex-cantora gospel

Júri popular ocorre nesta terça-feira (16); corpo de agente municipal foi encontrado carbonizado em setembro de 2013, Tânia Guerra chegou a ser condenada em 2019. Loide Silveira Levy, mãe do guarda municipal de São Pedro encontrado morto em porta-malas de carro em 2013, diz acreditar na justiça de Deus
Edijan Del Santo/EPTV
Nove anos após o crime, a mãe do guarda municipal encontrado morto em um porta-malas de veículo em São Pedro (SP), Loide Silveira Levy, afirmou que confia na justiça. O assassinato ocorreu em 2013. Um novo júri popular ocorre nesta terça-feira (26), com início previsto para às 9h.
“Creio que dará tudo certo. Tenho orado muito. Confio na justiça humana, mas confio mais ainda na justiça de Deus. Tem sido longos anos tão difíceis, mas Deus vai dar a vitória”, disse a mãe do agente Eliel Silveira Levy à reportagem da EPTV, afiliada da Globo para a região de Piracicaba (SP), antes do início do júri popular.
Sobre os 21 anos de pena previstos no processo, a mãe da vítima considera que a pena é justa. “É uma sentença merecida. Não é justo o que ela fez, é muita injustiça”, completou.
Advogado de Tânia Levy em São Pedro
Edijan Del Santo/EPTV
A expectativa do advogado de Tânia Levy, José Oscar Silveira Junior, é pela a absolvição da acusada.
“O processo já foi anulado no último julgamento, ao contrário do que foi veiculado nesta terça-feira pela manhã. Na verdade, foi um pedido da defesa que, por votação unânime, o Tribunal de Justiça acabou dando provimento ao recurso e achou por bem fazer um novo julgamento. Esperamos que ela [Tânia] saia absolvida porque é inocente”, afirmou.
Ex-cantora gospel vai a juri popular acusada de matar o marido em São Pedro
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) marcou para esta terça-feira (26) o novo júri popular da cantora gospel acusada de matar o marido em setembro de 2013 em São Pedro (SP).
Tânia Regina Venâncio Guerra, que até então tinha como sobrenome “Levy”, chegou a ser condenada a 21 anos de prisão em um julgamento em abril de 2019. Contudo, recorreu da decisão e o recurso foi aceito.
Salão onde ocorrerá júri popular da ex-cantora gospel acusada de matar marido em São Pedro
Edijan Del Santo/EPTV
Segundo a tese da defesa, a decisão dos jurados foi contrária à prova dos autos quanto à qualificadora, ou seja, de que o homicídio foi cometido mediante traição e recurso que dificultasse defesa da vítima.
O novo júri foi marcado para esta terça e a defesa chegou a pedir um recurso para que ela não fosse julgada em São Pedro, porque alega dúvida sobre a imparcialidade do júri, mas a liminar foi negada.
Cantora gospel Tania Levy chega para julgamento em São Pedro
Ronaldo Oliveira/EPTV
Segundo o Ministério Público, Tânia praticou três crimes:
Homicídio duplamente qualificado: ao matar seu marido com traição (valendo-se da intimidade e confiança da vítima para praticar o delito dentro da própria residência do casal) e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima (surpreendendo o homem na companhia de outra pessoa);
Destruição de cadáver: após a consumação do assassinato, a acusada, possivelmente contando com a ajuda de um indivíduo ainda não identificado, teria destruído o cadáver do marido ao colocá-lo no porta-malas do carro da própria vítima e atear fogo (apenas restos mortais foram encontrados totalmente carbonizados, e só após perícia da arcada dentária foi possível comprovar a identidade da vítima);
Fraude processual: A ré limpou a cena do crime, lavando a residência do casal, para induzir a erro o perito que realizaria perícia no local.
Cantora é condenada a 21 anos de prisão por morte de marido em São Pedro
Araripe Castilho/G1
O caso
O corpo do guarda municipal Eliel Silveira Levy foi encontrado em um porta-malas de um carro incendiado na zona rural de São Pedro, em 16 de setembro de 2013. A perícia apreendeu no veículo um carregador de pistola, um distintivo e partes de instrumentos musicais.
O homem também era músico. A cantora foi à polícia no final de 2013 para prestar depoimento após o laudo da perícia identificar o corpo carbonizado como sendo do guarda municipal.
A suspeita da polícia de que Tania estaria envolvida na morte do marido surgiu logo depois que o corpo do guarda foi encontrado. Ela teria matado ele depois de descobrir uma relação extraconjugal.
Após quase dois anos de investigação, a cantora foi presa em julho de 2015. Ela conseguiu habeas corpus e deixou a penitenciária dois meses depois, quando passou a responder pelo crime em liberdade.
Ao deixar a penitenciária, Tania falou com o g1 acompanhada da advogada. À época, ela se declarou inocente do crime e disse que viu “a mão de Deus” durante o tempo em que ficou presa, se aproximando mais da vida religiosa. Ela admitiu que sabia da traição do marido, mas afirmou que o havia perdoado.
Eliel Silveira Levy – São Pedro
Reprodução/Facebook
Acusação de homicídio qualificado
A denúncia do Ministério Público afirmava que, na madrugada do dia 16 de setembro de 2013, Tania seguiu para o imóvel onde Levy morava, na Rua Esplanada de Cristo, no bairro Novo Horizonte em São Pedro, acompanhada de uma pessoa não identificada. Eles teriam matado o guarda no local.
Depois do crime, os dois teriam seguido para a Estrada Vicinal Alto da Serra, na zona rural de São Pedro, onde colocaram fogo no corpo da vítima. Ela ainda teria tentado limpar a casa para esconder provas do crime, segundo a acusação.
De acordo com a denúncia, no dia do desaparecimento do guarda, o irmão de Levy seguiu acompanhado da polícia para a casa do guarda, onde viu marcas de sangue no chão como se uma pessoa tivesse sido arrastada. Ele relatou ainda que o casal tinha brigas constantes e que ele já havia sido ameaçado de morte pela cantora.
A perícia foi acionada e localizou manchas de sangue na porta de entrada da cozinha e respingos de sangue em algumas garrafas. Com o uso de luminol, também foram encontrados indícios de sangue pelo imóvel, que o autor do crime tentou limpar.
Em depoimento, Tania negou ter matado o marido e afirmou que estava na casa do pai no dia do crime, em Sarapuí (SP). Ela relatou que os dois foram casados por 15 anos, e após passarem um mês separados, voltaram a morar juntos na época do crime.
Ainda segundo a denúncia, Tania afirma que o marido já havia se envolvido com falsificação de documentos e estelionatos, junto com o irmão, e que já havia sido preso por duas vezes. Na época do homicídio, o guarda teria contado a ela que estava sendo ameaçado por um homem que tinha comprado um carro da vítima, por dificuldades de transferir o veículo.
Pelas contradições no depoimento da cantora à polícia e também a partir do resultado dos laudos do Instituto Médico Legal, ela foi denunciada pelo homicídio do guarda municipal.
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