Insatisfeita com regras sobre emendas parlamentares, Câmara paralisou votações de interesse do governo. O Palácio do Planalto tenta adaptar as regras para liberar as emendas e retomar o apoio dos deputados. Em meio a uma crise com o Congresso, o governo informou nesta quinta-feira (12) que vai liberar para o Congresso R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares até esta sexta (13). A divisão será de: R$ 228,6 milhões em emendas do tipo RP 6 (emendas individuais) R$ 300,4 milhões em emendas do tipo RP 7 (emendas de bancada) R$ 1,232 bilhão em transferências especiais A relação do governo com o O Congresso ficou estremecido após o referendo do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a decisão do ministro Flávio Dino que distribuiu regras mais rígidas para o pagamento de emendas parlamentares, que são verbais pagas pelo governo para deputados e senadores financiando obras em seus estados. Governo libera emendas mas resistência ao pacote persistem O STF entendeu que era preciso dar mais transparência ao processo, desde a identificação do parlamentar que destina a verba até o rastreamento de onde o dinheiro está sendo aplicado. Mas o Congresso não gostou das regras e viu na ação do STF uma interferência no Legislativo, orquestrada com o governo. Com isso, a Câmara não analisou nesta semana, ao contrário do que queria o governo, o pacote de ajuste fiscal, uma das prioridades do Palácio do Planalto para este fim de ano. Na tentativa de contornar o atrito, o governo publicou uma portaria na quarta-feira para orientar o pagamento de emendas de uma forma que — na visão do governo — não desobedeça as regras do STF nem desagrade os parlamentares. Por isso as portarias trazem interpretações do governo para as regras do STF. Esforço concentrado na semana que vem Também nesta quinta, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que nesta semana disse que o governo não tinha votos para aprovar o pacote fiscal, agora anunciou que a semana que vem vai ser de esforço concentrada na Câmara. O pacote estará na pauta. Lira justificou a decisão com a “proximidade do encerramento da presente sessão legislativa” e a “necessidade do plenário da Câmara dos Deputados discutir e votar proposições de interesse nacional relevante”. “O período de 12 a 20 de dezembro de 2024 será destinado exclusivamente à discussão e à votação de questão no Plenário, sendo vedada a realização de reunião de qualquer natureza e ficando cancelada qualquer convocação de reunião para o período”, diz a decisão. Há, na pauta do plenário da Câmara nos próximos dias, pelo menos dois temas que interessam profundamente ao governo e ao próprio Arthur Lira – que deixa a presidência da Câmara no fim de janeiro e quer incluir esses projetos em seu “legado”: o principal texto de regulamento da reforma tributária, que deverá ser votado no Senado nesta quinta (12) e terá de voltar à Câmara; os textos do pacote de corte de gastos do governo – que, por terem regime de urgência aprovado, serão votados diretamente no plenário da Câmara.
Deixe o Seu Comentário